"É verdade que há mais de cinco semanas que trabalhamos com o serviço de apoio aos refugiados, que tem sido um parceiro inestimável para nós. Agora em relação a esta questão específica e de urgência, confesso a minha surpresa, porque nós tivemos conhecimento dela há dois dias", afirmou à Lusa Augusto Santos Silva.
O Serviço Jesuíta aos Refugiados disse este sábado que, em conjunto com uma fundação norte-americana, tem meios para retirar do Afeganistão e acolher em Portugal perto de 190 pessoas, aguardando autorização e emissão de vistos humanitários pelo Governo.
"Esta operação conjunta aguarda apenas o aval do Estado português, a autorização de quantas pessoas possam vir para Portugal", disse à Lusa Carmo Belford, jurista do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS).
O JRS, que tem estado em contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), e a Fundação Romulus T Bess Weatherman esperam esta autorização "há cinco semanas", garantiu Carmo Belford, que explicou que "a janela de oportunidade" para a retirada daquelas pessoas do Afeganistão é "muito curta" e restam "oito dias", dada a "instabilidade no terreno", sem querer avançar com mais detalhes para não comprometer a operação.
Na resposta, Augusto Santos Silva disse estar "bastante surpreendido", uma vez que esta questão específica foi colocada ao MNE "numa comunicação por `mail´ do dia 21 - há dois dias - e dirigida à diretora-geral" que coordena logisticamente a equipa dedicada a estes processos.
Segundo o governante, a resposta foi dada "no dia seguinte, pela mesma via", informando que a diretora-geral não estaria em Portugal na próxima semana, porque acompanha o ministro à reunião entre a União Europeia e a União Africana, que se realiza no Ruanda, e indicando que a reunião com o JRS se poderia realizar com outros colegas do ministério.
"Faremos o nosso melhor para garantir que esta operação seja bem sucedida, como temos feito em relação a todas as outras", adiantou o MNE, ao salientar porém que este tipo de operações "não se fazem por um truque de magia", tendo em conta que é preciso "fazer verificações de segurança, confirmar as identidades e assegurar que todas as regras são cumpridas".
"Estas operações levam sempre algum tempo e são bastante complexas", afirmou.
Em causa estão 130 pessoas identificadas pela fundação e pelo JRS, boa parte delas familiares dos 251 refugiados afegãos acolhidos em Portugal desde a tomada do poder pelos talibãs, em agosto deste ano.
A essas 130 pessoas somam-se mais perto de 60 que haviam sido identificadas anteriormente pelas autoridades portuguesas (na maioria, afegãos e familiares que apoiaram os militares que estiveram no Afeganistão) e que não conseguiram ainda ser retiradas do país, disse Carmo Belford.
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