Vários especialistas têm-se mostrado preocupados com a situação dos hospitais portugueses no próximo inverno, prevendo que esta se torne caótica, devido ao aumento de casos de gripe e de Covid-19.
Desta vez, foi o responsável pelas Urgências do Hospital de São João, no Porto, que, em entrevista à SIC Notícias, alertou para a pressão que já se começa a sentir nesta unidade hospitalar.
Só nas últimas três semanas, o número de doentes que recorreram ao São João, com infeções respiratórias, duplicou.
Nelson Pereira pede por isso medidas urgentes, como por exemplo, a qualificação dos profissionais de saúde que trabalham nesta área.
"É preciso qualificar os recursos. Os Serviços de Urgências não podem ser uma manta de retalhos de médicos com vínculo, sem vínculo, com especialidade, sem especialidade, sem formação específica, sem subordinação hierárquica", começou por dizer, salientando que, a regulação do acesso às Urgências é também muito importante.
"Do ponto de vista da regulação do acesso, é fundamental regularmos a forma como as pessoas vêm aos serviços de urgência. As pessoas devem vir aos serviços de urgência referenciadas por uma das entidades que têm capacidade para o fazer. Estamos a falar do INEM, do SNS24, dos serviços de saúde primários e dos outros hospitais", explicou o responsável, algo que não acontece em Portugal porque "não há enquadramento legal".
De acordo com os números apresentados pelo Hospital de São João, em 550 doentes atendidos, 200 são falsas urgências.
Recorde-se que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças já avisou que a época gripal pode ser mais severa este ano, depois de, o ano passado, praticamente não ter existido.
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