"Nem tudo o que aconteceu durante a cerca foi negativo, também houve coisas positivas, como a vacinação contra a Covid-19, devido ao problema do grande número de migrantes que estava a chegar e dos casos que estavam a surgir", afirmou, em declarações à agência Lusa.
De acordo com o autarca, além do incremento da vacinação contra a Covid-19 que, naquele território, "funcionou bem", também se assistiu a um "alívio" das "situações um bocadinho duvidosas" que existiam no território.
"Passados estes seis meses, também podemos perceber que, se havia algumas situações um bocadinho duvidosas, com a presença de muita gente nas ruas, sem trabalho, isso acalmou muito e aliviou muito", acrescentou.
Mas, para Dário Guerreiro, neste período, pouca coisa mudou no que respeita ao "equilíbrio entre as atividades económicas" e a oferta de serviços públicos do Estado no território.
A freguesia de São Teotónio e o concelho de Odemira "têm um défice muito grande de oferta de serviços públicos e o que aconteceu é que [nos últimos anos] tivemos um aumento enorme de pessoas e um decréscimo enorme de resposta de serviços como segurança social, finanças, GNR, tribunal e saúde", criticou.
"Há muitos anos que pedimos fiscalização neste território. É necessário que cá esteja o SEF [Serviços de Estrangeiros e Fronteiras], a ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho] e que haja maior presença das autoridades que fazem cumprir as regras e os planos", frisou.
Esta sexta-feira cumprem-se seis meses desde que o Governo decretou a cerca sanitária às freguesias de Longueira-Almograve e São Teotónio, no concelho de Odemira (Beja), devido à elevada incidência de covid-19, sobretudo entre trabalhadores migrantes das explorações agrícolas.
Os casos de Covid-19 detetados entre os trabalhadores denunciaram as condições desumanas em que viviam, com casos de sobrelotação de habitações, levando a transferências para a Pousada da Juventude de Almograve e Residência para Estudantes de Odemira e, posteriormente, também a realojamentos.
Devido à cerca sanitária, o Governo determinou a requisição civil do empreendimento turístico Zmar, naquele concelho do litoral alentejano, para alojar trabalhadores migrantes em confinamento obrigatório ou permitir o seu "isolamento profilático", medida contestada por moradores e pela massa insolvente.
No final de maio, o Governo assinou um acordo para a cedência temporária de 34 alojamentos no empreendimento, para serem usados caso a situação pandémica no município o justificasse.
A 10 de junho, entrou em vigor a revogação aprovada pelo Governo do despacho de requisição temporária do Zmar.
A cerca sanitária, decretada no dia 29 de abril, terminou a 12 de maio, um dia depois do anúncio feito pelo primeiro-ministro, António Costa, numa cerimónia na vila de Odemira, onde assinou dois memorandos com o município e as empresas agrícolas para dar resposta aos problemas identificados.
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