Em declarações à margem de uma sessão de perguntas e respostas na cimeira tecnológica Web Summit, em Lisboa, o vice-almirante evitou fazer comentários sobre o rumo da terceira fase de vacinação, em que Portugal apresenta ainda números reduzidos de cobertura vacinal, depois do sucesso no processo de administração das duas doses previstas no esquema vacinal de três das quatro vacinas autorizadas.
"Vou escusar-me a fazer comentários sobre isso. Estive encarregue de um processo e como militar só falo sobre o que me encarregaram; fora disso, já entramos num campo que não é só de realização do meu trabalho e de considerações até do foro político", começou por dizer.
Questionado sobre o peso que a ausência de um rosto identificável à frente do processo -- à imagem do que sucedeu no seu caso entre fevereiro e setembro de 2021 - pode ter na adesão dos grupos da população já elegíveis para a toma da terceira dose da vacina, Gouveia e Melo atirou esse papel para a tutela governativa da Saúde.
"Esse rosto deve ser encontrado dentro do Ministério da Saúde, porque o processo é conduzido pelo Ministério da Saúde, como deve ser conduzido", assinalou.
Muito procurado por estrangeiros para explicar as razões por detrás do processo nacional de vacinação contra a covid-19, o vice-almirante vincou não haver segredos e passar somente a sua experiência pessoal, mostrando dificuldades em ver uma 'exportação' do modelo português de resposta à pandemia com a vacinação.
"Todos os modelos militares de gestão de crises são muito parecidos. Não sei dizer se é exportável... em termos genéricos é exportável, porque a liderança militar tem características próprias para trabalhar na incerteza, muito focada e com uma organização vocacionada para a ação, mas as pessoas também contam. Tive a sorte de ter um grupo fantástico comigo e isso ajudou-me imenso", concluiu.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.171 pessoas e foram contabilizados 1.091.592 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A covid-19 provocou pelo menos 5.003.717 mortes em todo o mundo, entre mais de 247,03 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
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