Face à aprovação da moção dos comunistas para travar o projeto da Linha Circular do metro de Lisboa, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, reforça que o projeto “é para fazer até ao fim”.
Em entrevista ao Expresso, o ministro salienta a execução de “estudos claríssimos, apresentados, discutidos, [com] avaliação de impacte ambiental posterior”, e mostra-se surpreendido com a decisão do executivo.
Matos Fernandes relembra que a expansão da Linha Vermelha até Alcântara e à zona Ocidental de Lisboa está contemplada no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com um estudo de impacto ambiental pronto, aguardando apenas o parecer da Câmara Municipal de Lisboa (CML).
“Qual foi foi o valor que o Governo de direita deixou para a expansão do Metro de Lisboa no quadro comunitário de apoio? É um número facílimo de decorar: zero euros”, remata, justificando que teria de optar por usá-lo nas novas estações de Santos e Estrela, ou na expansão da Linha Vermelha.
Quanto à expansão do metro até Loures, o ministro diz-se “de boca aberta”, já que é “contrariar aquilo que os eleitos legítimos em Loures concordaram como sendo a melhor solução”, nomeadamente os 12 quilómetros de linha para o Metro de Superfície em Loures.
A vereação do PCP, por sua vez, afirma que "só a obstinação do Governo e da anterior maioria na Câmara Municipal de Lisboa justificou, contra tudo e contra todos, o arranque do projeto", adiantando que a alteração do executivo, depois das eleições autárquicas de 26 de setembro, permite que o município tenha "uma oposição ativa à concretização deste erro estratégico, procurando soluções que o evitem".
Recorde-se que, ontem, a iniciativa dos comunistas para suspender o projeto da linha circular do Metropolitano foi aprovada com os votos a favor da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), do PCP e do BE, e com os votos contra da coligação "Mais Lisboa" (PS/Livre), que votaram favoravelmente apenas quanto à definição de prioridades na expansão da rede.
De acordo com a agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, mostrou-se “naturalmente satisfeito com a aprovação desta moção contra a linha circular do Metro”, já que reforça aquilo que tem referido sobre a situação.
Para o social-democrata, o projeto “é um erro, está longe de ser a melhor opção para servir a cidade, deve ser seriamente ponderada a alteração de algumas das propostas e em muitos casos corrigir mesmo para melhores soluções que sirvam os lisboetas e quem se desloca e trabalha na cidade”.
O responsável adiantou, contudo, não defender que “seja tudo mudado”, mas sim que “é crucial resolver a questão dos problemas de transbordo no Campo Grande, que afeta milhares de pessoas que vivem em Odivelas e Telheiras e que a manter esta linha circular deixarão de ter acesso direto ao centro da cidade, obrigados a um transbordo e a tudo o que isso implica”.
Matos Fernandes remata, dizendo que “não faz qualquer sentido pôr em causa um projeto que foi tão discutido e tão escrutinado”, mas que “é essencial que convirjam vontades”, mostrando-se disponível para dialogar com CML.
A Linha Circular prevê a abertura de estações de metro na Estrela e em Santos, ligando a estação do Cais do Sodré (linha Verde) à do Rato (linha Amarela).
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