Os internamentos sociais atingiram esta semana "um nível recorde" no Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), com 40 doentes com alta hospitalar a aguardar resposta social de retaguarda, avançou hoje à Lusa fonte do hospital.
Segundo o Hospital Fernando Fonseca, "o peso destes internamentos é tanto mais relevante quanto a taxa de ocupação de internamentos em enfermaria está acima dos 90%".
No Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), que integra os hospitais São José, Curry Cabral, Dona Estefânia, Santa Marta, Capuchos e Maternidade Alfredo da Costa, o número de casos sociais também é elevado.
"Temos sempre bastantes internamentos sociais, o número é elevado neste momento, mas está dentro do normal para o centro hospitalar, o que aumentou muito foi o número de doentes à espera para serem integrados em cuidados continuados", disse à agência Lusa Paulo Espiga, vogal executivo do Conselho de Administração do CHULC.
No último ano e meio, adiantou Paulo Espiga, "havia uma capacidade grande de drenar estes doentes para a rede de cuidados continuados, mas nos últimos dois, três meses voltou a haver dificuldade em colocar os doentes na rede".
Segundo o vogal, o centro hospitalar tem entre 70 a 80 doentes que estão a ocupar camas de agudos quando podiam estar a ocupar camas de outras tipologias.
No Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que engloba os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, o número de doentes com alta protelada por motivos sociais tem sido relativamente estável, "mas colocam alguma pressão sobre o hospital", adiantou o diretor clínico, Luís Pinheiro.
"Temos às vezes 20, 30, no pico já tivemos 40 doentes com estas características, mas temos verificado nas últimas semanas de novo uma capacidade mais efetiva de acomodar esses doentes por parte das estruturas de apoio social e da própria rede e, na nossa região, sabemos que é um problema antigo e que tem vindo a tentar ser colmatado", referiu.
Apesar de a resposta não ser ainda total, disse, "tem vindo a melhorar, nomeadamente na hierarquização e na priorização dos doentes dos hospitais".
"É claro que se tivermos 20 doentes que poderiam não estar cá, eram menos 20 doentes que estavam a ocupar camas de agudos e, portanto, qualquer número será sempre demais, mas o que verificamos atualmente é uma tentativa com efetividade de melhoria progressiva, embora lenta, da resposta externa a esse tipo de doentes", sustentou.
Luís Pinheiro admite que ao longo do inverno possa aumentar "esse impacto e essa pressão", mas afirmou que "a expectativa é que as estruturas de apoio social também incrementem a sua resposta".
Dados do Governo divulgados à Lusa em 08 de julho indicavam que, desde o início da pandemia em março de 2020, tinham sido admitidos na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados 27.690 doentes que se encontravam a aguardar vaga numa cama hospitalar.
No mesmo período, ao abrigo do programa implementado pelo Governo no contexto da pandemia, foram retiradas dos hospitais e colocadas em lares de idosos 2.657 pessoas.
O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, alertou na quarta-feira para a urgência de reforçar a articulação com a Segurança Social, como aconteceu no início da pandemia, porque os internamentos sociais estão de novo a aumentar.
"Enquanto não se resolver alguns dos problemas que levam muitas pessoas às urgências, como a falta de condições de habitabilidade de algumas habitações ou a falta de rendimento das pessoas, dificilmente se evitam os casos sociais", disse à Lusa.
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