"A pandemia ainda não acabou, nem em Portugal, nem em nenhum lugar do mundo". Foi com este alerta que Graça Freitas começou a conferência de imprensa de hoje de balanço da vacinação contra a Covid-19 e gripe no país
Nesta fase, assiste-se a "uma intensa circulação do vírus SARS-Cov-2" e, "mesmo em Portugal, que tem 86,5% da sua população vacinada, se assiste a um aumento do número de casos", disse, defendendo que a "melhor forma de nos protegermos e de passarmos o inverno mais seguros e mais tranquilos é vacinar, vacinar, vacinar", um apelo que Governo e autoridade de saúde tem intensificado nos últimos dias.
Sobre a dose de reforço, Graça Freitas anunciou "três grandes novidades". Duas delas dizem respeito à população que está agora a ser vacinada - a população com 65 ou mais anos de idade, os profissionais da saúde, os profissionais do setor social e os bombeiros que prestam transporte de doentes.
O intervalo entre a última dose e uma pessoa tornar-se pronta para a vacinação é, neste momento, entre cinco a seis meses (entre 150 a 180 dias). "Encurtamos este intervalo para, com segurança, podermos vacinar mais pessoas, mais precocemente", disse, adiantando que a norma será publicada ainda hoje. Posteriormente, em declarações à agência Lusa, a responsável esclareceu que até agora só era possível receber a dose de reforço para maiores de 65 anos 180 dias após a dose anterior, sendo que agora esse prazo é reduzido, podendo variar entre os 150 e os 180 dias.
A segunda novidade, dentro deste grupo dos 65 ou mais anos e profissionais mencionados, revelou a diretora-geral, é que "os recuperados também passam a ser vacinados" (exceção feita aos recuperados que, já tendo tido a doença, já levaram duas doses com 150 a 180 dias de intervalo, esses estão com o reforço feito). Como sempre, o critério é por faixa etária decrescente e estão abrangidas cerca de 140 mil pessoas.
A terceira novidade diz respeito às pessoas que foram vacinadas com a vacina da Janssen (de dose única). "Essas pessoas (a partir dos 18 anos) vão fazer um reforço pelo menos 90 dias depois de terem levado a primeira dose", anunciou. "Todas as pessoas que vão fazer reforço, vão fazê-lo com uma vacina mRNA (Pfizer ou Moderna).
Mais do que uma meta, "é um desígnio nacional"
Questionada pelos jornalistas se a meta estabelecida para dia 19 de dezembro (de vacinar com a terceira dose a população com mais de 65 anos) não vai ficar comprometida, Graça Freitas frisou que mais do que uma meta, trata-se de um "desígnio nacional". "Não depende de mim, nem do SNS, nem do núcleo que nos apoia, nem do Infarmed. Estamos a fazer o nosso trabalho, o Estado comprou as vacinas, as estruturas do Ministério da Saúde estão a trabalhar em conjunto. Estamos preparados para vacinar".
"Sem nenhum tipo de alarmismo", disse, o cumprimento da meta estabelecida está condicionada à "adesão dos portugueses e dos residentes em Portugal".
Imunidade das vacinas tem "prazo de validade"
Graça Freitas realçou ainda que o inverno é sempre uma "estação agressiva" devido à circulação de vários vírus respiratórios e pelo efeito do frio nas doenças crónicas. "As doses que demos antes deram proteção durante seis meses, sobretudo aos mais idosos. É uma espécie de prazo de validade. E os estudos indicam que essa proteção vai decaindo ao longo do tempo", assinalou, justificando que esta dose de reforço servirá para, quando chegarmos ao inverno, "voltar a haver uma subida de anticorpos que dá novamente uma proteção".
A diretora-geral de Saúde afirmou que a vacinação contra a Covid-19 irá funcionar sete dias por semana. Graça Freitas recomendou "vivamente" que as pessoas com mais de 65 anos que recorram ao autoagendamento, que escolham o dia e a hora a que preferem vacinar-se. Há ainda os regimes Casa Aberta, de um modo geral, em todo o país, para cidadãos acima dos 75 anos, podendo haver "adaptações a nível local", de acordo com as disponibilidades. Por esse motivo, a DGS aconselha aos utentes que confirmem que centros de vacinação estão abertos.
"Por norma, a partir de agora, não recusaremos uma pessoa que apareça na Casa Aberta", afirmou, avisando, contudo, que a ideia é evitar que o processo "seja muito desordenado" e que origine filas.
Sobre os óbitos que se têm verificado no país devido à Covid-19, Graça Freitas disse que estão a morrer pessoas, "predominantemente, com muita idade, com 80 ou mais anos". O perfil habitual é "terem várias doenças" e serem vacinadas.
A Covid-19 provocou pelo menos 5.122.682 mortes em todo o mundo, entre mais de 254,95 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.295 pessoas e foram contabilizados 1.115.080 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
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