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"Se causei uma má interpretação peço desculpa, do fundo do coração"

Declarações de Marta Temido na Comissão Parlamentar de Saúde causaram mal estar na comunidade médica. "Não disse em momento nenhum que é necessário recrutar profissionais mais resilientes", fez questão de salientar a ministra.

"Se causei uma má interpretação peço desculpa, do fundo do coração"
Notícias ao Minuto

19:13 - 25/11/21 por Notícias ao Minuto

País Marta Temido

Após as declarações de Marta Temido, na Comissão Parlamentar de Saúde, que causaram mal estar junto da comunidade médica, a ministra veio, esta quinta-feira, esclarecer as suas afirmações. "Não disse aquilo que se refere que disse. Não disse em momento nenhum que é necessário recrutar profissionais mais resilientes, disse que é necessário que todos façamos um investimento em mais resiliência, sobretudo quem trabalha em áreas tão exigentes como as da Saúde", começou por explicitar. 

Mas a governante foi mais longe e salientou: "Se causei uma má interpretação, peço desculpa por isso, genuinamente, do fundo do coração".

"Os profissionais de Saúde, os portugueses, o Serviço Nacional de Saúde conhecem-me, eu trabalho há muitos anos no setor da Saúde, trabalhei com muitos profissionais e fico muito - e genuinamente - indignada com essa receção, com esse mau entendimento", acrescentou, visivelmente emocionada. 

De lembrar que Marta Temido disse, esta quarta-feira, que "também é bom que, todos nós, como sociedade, pensemos nas expectativas e na seleção destes profissionais porque, porventura, outros aspetos, como a resiliência, são tão importantes como a sua competência técnica". 

Esta frase levou a que o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considerasse que a ministra "passou a linha vermelha". "Afirmar que têm de ser contratados médicos mais resilientes é uma imperdoável ofensa que os médicos portugueses, exaustos por centenas de horas extraordinárias (já agora, sendo obrigatórias... em exemplo não reproduzível em toda a administração pública) não mais perdoarão e esquecerão", destacou em comunicado. 

Já a Ordem dos Médicos (OM) considerou hoje "inqualificáveis" as declarações da ministra da Saúde. Numa nota, a Ordem afirmou que "ouviu com consternação" a intervenção da ministra da Saúde, afirmando que "não dignifica o lugar que ocupa".

Para o bastonário, Miguel Guimarães, "as declarações proferidas sobre a solução para a falta de médicos, bem como as acusações que faz aos clínicos, em particular aos de Setúbal, são inqualificáveis e impróprias para uma figura de Estado que está à frente de uma área central para a vida dos portugueses".

"Mais grave, a ministra acusou os médicos de não serem resilientes - numa atitude falsa e provocatória que não dignifica o lugar que ocupa e que é sempre profundamente injusta, ainda mais com as provas dadas nos últimos dois anos de dedicação extrema e superação perante a maior pandemia da história recente", criticou.

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