"Estamos a caminho de uma situação complexa, com muita incerteza"
A ministra da Saúde adverte que Portugal pode ultrapassar o recorde de casos de infeção. Marta Temido admite que ao longo da pandemia foram tomadas decisões que "podem soar contraditórias".
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País Marta Temido
Marta Temido reconhece que Portugal enfrenta uma "situação complexa" nesta altura, motivada sobretudo pelo aparecimento da nova estirpe do SARS-CoV-2, a Ómicron. Numa entrevista concedida à RTP, a ministra da Saúde avisa ainda que Portugal pode superar os recordes de casos diários de Covid-19.
"Estamos a caminho de uma situação complexa, e sobretudo ainda com muito desconhecimento e incerteza associados. Atingimos hoje quase nove mil casos, aquilo que eram os cenários dos peritos e especialistas que nos apoiam estão a confirmar-se em torno de um fator, que é a transmissibilidade, que nós já conhecíamos face aos casos designadamente da Dinamarca e do Reino Unido", salientou a governante.
"Sabíamos que estávamos perante uma variante muito mais transmissível, com possibilidade de duplicação a cada dois, três dias. Falta-nos saber qual é o impacto desta transmissibilidade em termos da severidade da doença e do escape imunitário", observou Marta Temido.
A ministra esclareceu que ainda não se sabe que internados têm a Ómicron. "Ainda não dispomos dos dados da efetividade da variante", referiu.
Questionada sobre a possibilidade de Portugal registar novos máximos de casos, Temido respondeu que "temos de preparar-nos para isso". "Podemos ultrapassar os recordes que já tivemos", frisou, sem apresentar uma estimativa.
"Os próprios peritos consideram que fazer estimativas de números de casos pode ser artificial", afirmou a ministra da Saúde.
Um dia depois de António Costa ter anunciado novas medidas restritivas, nomeadamente com a antecipação da semana de contenção, surgiram críticas do setor da restauração e, principalmente, dos proprietários de bares e discotecas, que vão encerrar a partir de sábado.
Marta Temido compreende que algumas decisões podem parecer contraditórias.
"Ao longo desta pandemia temos tomados decisões que podem soar contraditórias. Aquilo que todos nós podemos fazer é procurar ao máximo evitar contactos mais do que nos focarmos nas contradições entre as medidas, que são fáceis de encontrar", vincou.
Sobre a interrupção na vacinação nos dias 24, 25 e 26 de dezembro e nos dias 31 de dezembro e 1 de janeiro, a responsável pela pasta da Saúde realçou o reforço da "vacinação nos dias de intervalo entre o Natal e o Ano Novo", e explicou a decisão de fazer uma pausa na vacinação neste período.
"Temos recursos que temos de gerir com grande racionalidade. Os recursos humanos são o recurso mais precioso. No esforço de vacinação a opção que foi feita por quem toma essas decisões e está com essas pessoas no terreno foi de fazer interrupções nos dias 24, 25 e 26 de dezembro e nos dias 31 de dezembro e 1 janeiro", assinalou.
A ministra da Saúde descartou para já impor a obrigatoriedade do uso de máscara no exterior.
[Notícia atualizada às 21h31]
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