A pandemia de Covid-19 está com uma "tendência crescente a nível nacional", segundo o relatório ‘Monitorização das linhas vermelhas para a Covid-19’, divulgado esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). O documento alerta ainda para elevada "pressão nos serviços de saúde" e no "impacto na mortalidade".
Segundo o documento, Portugal registou 37,6 óbitos por covid-19 em 14 dias por um milhão de habitantes, apresentando “uma tendência crescente” e correspondendo a “uma classificação do impacto da pandemia como elevado”.
"A 19 de janeiro de 2022, a mortalidade específica por COVID-19 registou um valor de 37,6 óbitos em 14 dias por 1.000.000 habitantes, o que corresponde a um aumento de 47% relativamente ao último relatório", indica.
O número de novos casos regista uma “tendência crescente a nível nacional e em todas as regiões”. Atualmente a incidência de novos casos situa-se nos 5.053 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
Já rácio de transmissibilidade – R(t) – apresenta valor igual ou superior a 1. A nível nacional este valor é de 1,1 e nas regiões Norte e Algarve, onde se registou o valor mais elevado, é de 1,14.
As infeções em pessoas com 65 ou mais anos também têm apresentado uma “tendência crescente a nível nacional”. O documento revela que neste grupo etário a incidência foi de 1.764 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
No que diz respeito ao número de pessoas internadas com Covid-19 em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), o relatório indica que se registou no continente “uma tendência estável, correspondendo a 60% (na semana anterior foi de 64%) do valor crítico definido de 255 camas ocupadas”.
Nos últimos sete dias, “observou-se um aumento do número de testes, para deteção de SARS-CoV-2, em especial testes rápidos de antigénio”. A proporção de testes positivos foi de 15,5%, um aumento face aos 14% da semana passada, e “encontra-se acima do limiar definido de 4%”.
A variante Ómicron (BA.1) continua dominante em Portugal e atingiu “uma proporção estimada máxima (~93%) entre os dias 7 e 9 de janeiro de 2022”. “Desde essa data, tem-se verificado um decréscimo da proporção de amostras positivas com ‘falha’ na deteção do gene S (indicador de caso suspeito de BA.1), possivelmente relacionado com a entrada em circulação da linhagem BA.2 (também classificada como Omicron pela OMS)”, sublinha o documento.
As pessoas com o esquema vacinal completo tiveram um risco de internamento duas a cinco vezes menor do que as pessoas que não foram vacinadas, entre o total de pessoas infetadas em novembro. Já o risco de morte foi três a seis vezes menor, entre o total de pessoas infetadas em dezembro.
Analisando a população com 80 ou mais anos, “a dose de reforço reduziu o risco de morte por Covid-19 para quase seis vezes em relação a quem tem o esquema vacinal primário completo”.
Em suma, “a análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional” e “a pressão nos serviços de saúde e o impacto na mortalidade são elevados”.
Face ao “rápido aumento de casos, mesmo tendo em consideração a provável menor gravidade da doença provocada pela variante Omicron (BA.1), é expectável impacto na sociedade em termos de absentismo escolar e laboral, um aumento de pressão sobre o todo o sistema de saúde e na mortalidade”, pelo que o INSA e a DGS recomendam a “manutenção das medidas de proteção individual e a intensificação da vacinação de reforço”.
[Notícia atualizada às 23h31]
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