Alívio de medidas? Situação em Portugal "será diferente", diz Silva Graça

O infecciologista considera que, em Portugal, a realidade epidemiológica diferente da dos países do norte da Europa implicará outro tipo de decisões no que toca o alívio das restrições de combate à pandemia.

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© André Luís Alves / Global Imagens

Daniela Filipe
03/02/2022 11:51 ‧ 03/02/2022 por Daniela Filipe

País

Covid-19

Perante a onda do alívio de medidas de combate à Covid-19 na Europa, o infeciologista António Silva Graça salienta que cada “caminho tem de ser ajustado tendo em conta a realidade epidemiológica e os recursos da saúde de cada país”, pelo que, no caso de Portugal, “será diferente”.

“Percebemos que em Portugal, provavelmente, a situação e a forma como o vamos fazer será diferente dos países do norte da Europa, que já o começaram. Temos em comum uma proteção muito significativa dada pela vacinação, mas percebemos que a nossa realidade, não só epidemiológica, como também da capacidade de acomodar as pessoas infetadas que ainda precisam de internamento hospitalar, será, provavelmente, diferente desses países, o que justifica também protelar um pouco a tomada das decisões”, considera o especialista, em declarações à RTP3.

Ainda assim, o infeciologista antecipa que a redução do número de casos diários, esperada dentro de dez dias, assim como a descida do número de doentes internados e o aumento da capacidade hospitalar no tratamento de casos não Covid-19 “tornará possível o alívio das medidas”, de forma gradual.

Na sua ótica, “mudará a exigência de testes considerados necessários para aceder a algumas atividades, ou mesmo a presença do certificado digital de vacinação”, mas, com a chegada da primavera e do tempo quente, também a redução do período de isolamento de infetados e de contactos de risco poderá ser equacionado.

Aliás, António Silva Graça considera “provável que esta quarentena possa cessar e que deixe de existir o tal isolamento obrigatório por um período fixo”, ainda que que as pessoas fiquem afastadas da sua atividade letiva ou laboral durante o período em que estão sintomáticas.

“Há outras medidas que, provavelmente, passarão a fazer parte do nosso dia a dia em algumas épocas do ano”, como é o caso do uso da máscara, da higiene das mãos e da etiqueta respiratória, principalmente em períodos semelhantes ao que estamos a atravessar, no qual se verifica uma maior frequência de infeções respiratórias virais.

Contudo, a medida que, para o especialista, terá de permanecer inalterada passa pelo “controlo das nossas fronteiras, no sentido de garantir que não haja a introdução de variantes deste vírus que nos possam surpreender e obrigar a retroceder”.

Nesta linha, o infeciologista salienta que a sublinhagem BA.2 da variante Ómicron aparenta “ter ainda uma maior transmissibilidade do que aquela que neste momento circula, [a subvariante BA.1]”, apesar de não haver evidência de que “esta linhagem tenha uma maior agressividade e possa ser responsável por formas clínicas mais graves”, ou até mesmo “ultrapassar a proteção que as vacinas induzem”.

Quando questionado sobre a vacinação das crianças dos seis meses até aos cinco anos, António Silva Graça alerta que “não vale a pena estar a antecipar algo que precisa de ter sustentação científica”, sublinhando “o importante papel da vacinação, que não deve ser subestimado”, mas que “que nem tudo depende da campanha [e do nível] de vacinação”.

Na verdade, após o apelo da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, para uma maior adesão dos pais à vacinação pediátrica, o infeciologista comenta que os baixos números registados poderão dever-se ao “período menos adequado, muito colado ao início das atividades letivas”, o que, por seu turno, “acabou por se traduzir num acréscimo muito significativo das crianças desta faixa etária de uma infeção que poderia ter sido evitada, se elas tivessem ficado mais resguardadas nas semanas imediatas” e em regime escolar não presencial.

Leia Também: Com "poucos milhares" de agendamentos nas crianças, DGS apela aos pais

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