Para Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, as medidas de contenção da pandemia poderão começar a ser aliviadas quando Portugal registar uma “descida confirmada e substancial destes novos casos, com um Rt substancialmente abaixo de 1”, salientando que existem dúvidas sobre se o pico desta onda já foi atingido. Contudo, uma coisa é certa: a Covid-19 será, eventualmente, encarada como “uma doença perfeitamente banal”.
“Penso que Portugal, até ter este número de novos casos a descer de forma substancial, deve manter-se cauteloso. A partir desta descida, ou da confirmação do fim da onda da Ómicron, [deve] começar a preparar a nova fase, com uma vigilância mais por amostra, […] e começar a considerar a Covid-19 como uma gripe normal, como uma infeção respiratória superior, que acontecerá maioritariamente no inverno”, esclarece o especialista, em declarações à SIC Notícias.
Ainda que, de acordo com o relatório do Instituto Superior Técnico (IST) hoje divulgado, o pico desta nova vaga já tenha sido atingido, Tato Borges considera haver ainda “algum fator de incerteza”. Na sua ótica, a curva de casos diários deverá descer de forma mais galopante “em meados de fevereiro”, altura em que, com um Rt substancialmente abaixo de 1, “poderemos começar a pensar em aliviar estas medidas” de controlo da pandemia.
Quanto ao futuro, o especialista equaciona que seja adotada a vacinação anual contra a Covid-19 e contra a gripe entre os grupos mais vulneráveis, “para que na altura de maior intensidade deste vírus estejam mais protegidos, tal como aconteceu este ano”.
Além disso, não será necessário realizar testes com a regularidade dos dias de hoje, passando estes a ser destinados às “pessoas que vão ser internadas ou para as pessoas que de facto têm algum tipo de comorbilidade”. Também os contactos de alto risco deverão deixar de ser isolados, sendo que apenas os infetados permanecerão “num período de alguns dias em casa”. “Até mesmo esses, durante a primavera, penso que deixarão de fazer isolamento”, acrescenta.
“Será esse o caminho natural. A Covid-19 passará a ser uma doença perfeitamente banal no nosso meio, usaremos a máscara quando tivermos sintomas, ficaremos em casa se os sintomas forem fortes e não conseguirmos trabalhar, será apenas uma situação normal”, remata.
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