Professores do Zimbabué em greve por aumentos salariais

Uma greve de professores paralisou hoje muitas escolas do Zimbabué, que abriram esta semana após um prolongado encerramento devido à pandemia de covid-19, segundo fontes sindicais.

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Lusa
10/02/2022 15:49 ‧ 10/02/2022 por Lusa

País

Zimbabué

Em Harare, algumas escolas conseguiram abrir hoje, enquanto noutras alguns professores apresentaram-se mas não lecionaram, segundo os sindicatos.

O Governo denunciou a greve como "conduta injustificada" que priva as crianças do direito à educação.

Muitos professores decidiram ficar em casa para protestar contra os salários de cerca de 100 dólares mensais (85 euros) e exigem que o vencimento seja aumentado para cerca de 500 dólares.

Em 2018, os professores ganhavam o equivalente a cerca de 540 dólares mensais, mas o valor foi fortemente afetado por anos de contínuo aumento da inflação, atualmente estimada em 60%, e pela desvalorização da moeda do Zimbabué.

Em resposta, o Governo ofereceu um aumento salarial de 20%, o pagamento de parte dos salários em dólares e subsídios na compra de carros e casas e ameaçou cortar os salários aos grevistas.

Os sindicatos rejeitaram a oferta do executivo, por considerarem que o aumento salarial proposto é muito baixo.

Dirigentes sindicais também afirmam duvidar que o Governo cumpra as promessas de casas mais baratas e a importação de carros com isenção de impostos, para o que apontam a falta de cumprimentos de promessas anteriores, e acrescentaram que os professores não podem comprar carros, mesmo com os subsídios prometidos.

"Os professores estão reduzidos à indigência, vivem na pobreza. Não podem nem pagar as taxas escolares nas escolas onde normalmente ensinam", disse à Associated Press Obert Masaraure, presidente do Sindicato dos Professores Rurais do Zimbabué.

"Eles precisam de quase oito meses de seus salários para pagar apenas as taxas escolares. Os professores estão a deixar de comer para mandar uma criança para a escola", acrescentou.

O Zimbabué tem cerca de 140.000 professores nas escolas públicas para 4,6 milhões de alunos.

O país da África Austral manteve encerradas as escolas quase seis meses quando foi detetado o primeiro caso de covid-19, em março de 2020. Desde então, as escolas foram fechadas de forma intermitente, muitas vezes por períodos prolongados, devido à pandemia.

As aulas deveriam começar em janeiro, mas o Governo, invocando o aumento do número de casos da nova variante Ómícron, só reabriu as escolas esta semana, após intensa pressão da população, cansada de manter as crianças em casa ou sem dinheiro para pagar as aulas 'online'.

A exigência dos professores por aumentos salariais ocorre quando muitos outros zimbabueanos lutam contra a pobreza generalizada.

Após anos de declínio económico e o colapso de muitas empresas que oferecem emprego formal, mais de 60% dos 15 milhões de habitantes do Zimbabué sobrevivem vendendo mercadorias nas ruas, oferecendo serviços em suas casas ou trabalhando por conta própria, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.

Mais da metade da população vive em extrema pobreza, agravada pela covid-19, de acordo com uma pesquisa conjunta do Governo, do Banco Mundial e do Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef).

Leia Também: Opositor no Zimbabué confiante na sua vitória nas presidenciais de 2023

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