"O projeto propõe-se esclarecer os mecanismos cerebrais da relação entre mente e corpo num estado limite de consciência, como sucedeu com diversos doentes hospitalizados com covid-19 e que necessitaram de internamento em unidades de cuidados intensivos, disse à agência Lusa o coordenador, Óscar Gonçalves.
Intitulado "O corpo e a fenomenologia da experiência quase-morte no decurso da Pandemia", o projeto foi premiado com uma bolsa de investigação, no âmbito do Prémio Universidade de Coimbra 2021, e vai arrancar no início de março, procurando analisar os relatos dos doentes em situações extremas.
Segundo Óscar Gonçalves, o estudo pretende esclarecer "a relação entre os estados alterados de mente de pacientes com covid-19 e de pacientes não covid-19, como contraste, internados em cuidados intensivos, que relatam experiências de quase morte".
No fundo, refere o investigador e neurocientista, trata-se de analisar as características entre os aspetos das alterações da mente e das alterações cerebrais daquilo que se passa em termos cerebrais", acrescentando que a equipa vai avaliar, "em termos de ressonância magnética, aquilo que se passa no cérebro daqueles pacientes".
A equipa de investigação vai, a partir de março, recrutar, em diferentes fases, uma centena de voluntários que tenham estado em cuidados intensivos com covid-19 e outra centena que também tenha estado em cuidados intensivos, mas sem covid-19, que será o grupo de comparação.
"Esse é o número razoável e plausível, segundos os médicos intensivistas, em função da grande quantidade de doentes que estivaram nos serviços de cuidados intensivos", salientou o coordenador do projeto.
Além de Óscar Gonçalves, professor catedrático de Psicologia e Ciências da Educação da UC, a equipa multidisciplinar, com especialistas de diversas áreas, incluindo médicos intensivistas, é constituída pelos investigadores Rita Donato, Bruno Sousa, André Peres, Horácio Firmino, Sofia Beirão, Andreia Santos, Pedro Palhares, Patrícia Coelho, Gonçalo Santos, Cândida Coelho e Maria Melo.
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