Na carta, a que a Lusa teve acesso, dezenas de organizações, de vários setores, e personalidades, locais e nacionais das áreas académica, científica, técnica, económica, hoteleira e política de todos os quadrantes, alertam para a "grave situação" de descontrolo das espécies invasoras no único parque nacional.
Na carta aberta ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e à Comissão de Cogestão do PNPG, chamam a atenção das entidades com competências atribuídas para a necessidade de "um planeamento ajustado e reajustável, com intervenção de campo na prevenção e gestão da propagação de espécies invasoras lenhosas".
Além de exigirem a aplicação das normas comunitárias e respetiva legislação nacional no que diz respeito a ações concretas e planeadas de monitorização, prevenção e combate de espécies exóticas e invasoras lenhosas no PNPG, pedem a definição de um programa operacional de gestão para a área de intervenção específica de Manchas de Espécies Invasoras Lenhosas e um plano de gestão florestal para a Mata Nacional do Gerês.
Defendem igualmente a revisão do Plano de Ordenamento do PNPG, com validade estipulada de 10 anos, "a reconduzir em [forma de] Programa Especial de Ordenamento do Território, com respetivos planos de gestão de Zona Especial de Conservação e de controlo de propagação de espécies exóticas".
Na carta aberta, lembram que o PNPG "é um ex-libris do património natural em Portugal e modelo de equilíbrio da atividade e presença humanas" e sublinham que hoje, "mais do que nunca, em tempos de alterações climáticas", é "uma relíquia de biodiversidade que urge valorizar através da preservação e recuperação de habitats únicos".
Entre os inúmeros problemas e riscos atuais, como os incêndios rurais e a pressão causada pela massificação turística, destacam, "pela contínua expansão", o "avanço inexorável das espécies exóticas e invasoras lenhosas" sublinhando que se desconhece a sua área de ocupação "por falta de atualização de estimativa oficial".
"Estas espécies constituem atualmente uma grave ameaça à biodiversidade, plantas e animais autóctones, serviços dos ecossistemas, saúde humana e danos muito expressivos à economia", insistem.
Lembram que o Plano de Ordenamento do PNPG, aprovado em 2011, estabelece a necessidade de intervenção nas manchas de espécies invasoras, identificando área específica para seu controlo e erradicação a ser objeto de pormenorização em Programa Operacional de Gestão, um instrumento até à data inexistente.
As organizações e personalidades defendem que o combate às espécies invasoras "carece de planeamento e ação especializada continuada no tempo", não coincidente com medidas "aparentemente avulsas" que "não cumprem os objetivos de controlo e erradicação a que se propõem" e "contribuem para o avolumar do problema".
O Grupo de Estudos e Ordenamento do Território e Ambiente (Geota), a FAPAS - Associação Portuguesa de Conservação e Biodiversidade, a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), a Quercus, a Sociedade Portuguesa de Ecologia e a Zero são algumas das organizações que assinam a missiva.
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