"A Transparência Internacional Portugal congratula-se pela decisão anunciada este sábado, pelo senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, de suspender a atribuição de vistos 'gold' a cidadãos russos", afirma a organização, em comunicado.
Em declarações hoje à CNN Portugal, Augusto Santos Silva afirmou que "o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras [SEF] já suspendeu a apreciação de qualquer dossiê de candidatura para autorizações de residência para investimento, vulgo vistos 'gold', de cidadãos russos".
A presidente da TI Portugal, Susana Coroado, disse esperar que a suspensão "abranja igualmente os processos de pedido de residência permanente e cidadania a indivíduos detentores de vistos 'gold'", considerando que esta situação não ficou clara.
A associação realça que "há vários anos" que chama a atenção "para os riscos" do programa de Autorizações de Residência para Atividade de Investimento e espera que "este seja o primeiro passo para uma reflexão séria sobre os vistos 'gold' e novas medidas sejam aplicadas de modo mais abrangente".
O investimento oriundo da Rússia captado pelo programa vistos 'gold' totaliza mais de 277,8 milhões de euros em nove anos e o da Ucrânia soma 32,5 milhões de euros, segundo dados do SEF avançados pela Lusa na sexta-feira.
No total, desde que o programa de Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI) foi lançado, foram concedidos 431 vistos 'gold' a cidadãos russos, o que corresponde a um investimento de 277.811.929,38 euros, de acordo com o SEF.
Já este ano, foram atribuídos sete vistos 'dourados' a cidadãos russos.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos 198 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 150.000 deslocados para a Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
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