Em declarações aos jornalistas antes doa homilia na Igreja de São Domingos, junto à praça do Rossio, em Lisboa, Manuel Clemente pediu que as partes em contenda resolvam os problemas "que houver a resolver" como "seres humanos".
"Se há problemas para resolver que se resolvam da melhor maneira, humanamente e com respeito mútuo", disse.
Instado a deixar uma mensagem aos ucranianos a viver em Portugal, o cardeal patriarca quis deixar uma mensagem de "presença, companhia e oração" que estendeu à comunidade russa.
"Aqui não podemos extremar os campos. Os campos politicamente estão extremados, mas em termos humanos não estão", afirmou Manuel Clemente, sublinhando que "mesmo na Rússia, há muita gente contra esta invasão".
Referiu ainda o papel da igreja católica no apoio aos ucranianos, destacando a Cáritas e o recurso às igrejas para acolhimento.
O cardeal patriarca sublinhou ainda o peso que as manifestações públicas, ucranianas e também russas, pode ter para pressionar uma resolução do conflito.
"Tudo isto é uma carga anímica forte que pode ajudar para que o conflito cesse o mais rapidamente possível e para que a paz volte a existir", disse.
Na homilia, Manuel Clemente defendeu que há duas camadas neste conflito, uma "mais superficial", que releva da própria guerra e da dor e sofrimento que provoca, e uma segunda camada, "mais profunda", ligada à solidariedade da comunidade internacional, "onde a humanidade acaba por mostrar o melhor de si própria".
"Acreditamos que é neste nível mais profundo que as coisas podem resolver-se", disse.
Manuel Clemente afirmou que "Deus é o último alicerce da paz" e deixou palavras se esperança à comunidade ucraniana.
"Haverá futuro para a Ucrânia e para todos os países assolados pela guerra. Com Deus o futuro vencerá", disse.
A vigília que hoje decorreu na Igreja de São Domingos foi uma iniciativa do Comité Organizador Diocesano de Lisboa da Jornada Mundial da Juventude/Serviço da Juventude e da Pastoral Universitária, que foi presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente e que contou com a representação de vários movimentos juvenis.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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