"Peço ao povo português que continue a ser simpático como é", diz à Lusa Alina Dudco, dirigente da Kalina.
A responsável dá conta do aumento de casos de 'bullying' contra crianças russas ou de ascendência russa nas escolas portuguesas desde o início do conflito entre aquele país e a Ucrânia.
"É uma questão humana e não podem misturar tudo no mesmo tacho, é impossível", lamenta.
A tradutora e intérprete judiciária moldava recorda que "os 'mass media' estão a transmitir na televisão, na rádio, em todos os sítios" notícias e análise sobre a guerra, que há "conversas nos autocarros, conversas com os amigos, e claro que as crianças acabam por ouvir isto tudo".
"Se sabe explicar às crianças de forma correta, então tudo bem. Se não sabe, eu pedia para evitar falar em frente às crianças sobre estas coisas, porque depois confrontamo-nos com situações de 'bullying político'", alertou.
Segundo Alina, chegam relatos de crianças que afastam colegas alegando que os seus familiares ou amigos russos são responsáveis pelo conflito, "mas a criança não tem nada a ver com isto", frisa a responsável.
A Kalina -- Associação dos Imigrantes de Leste presta auxílio a migrantes desde 2006 e está, neste momento, a recolher bens para serem enviados para a Ucrânia.
Presta também apoio jurídico a asilados, refugiados ou migrantes que venham para Portugal, bem como apoio a encontrar casa, trabalho, apoio na tradução de documentos e disponibiliza aulas de português.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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