O fundador e antigo coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã considerou, esta sexta-feira, que "é evidente que os principais alvos não foram alcançados", referindo-se às tropas russas em território ucraniano. "Se os russos pensavam uma guerra fulminante, isso não aconteceu", disse.
"Mesmo o exército norte-americano, muito mais poderoso do que o exército russo, demorou três semanas para chegar a Bagdade - quando ocupou o Iraque", defendeu, no espaço habitual de comentário, na SIC Notícias.
Apesar de ainda estarmos numa fase muito inicial do conflito, para o bloquista, "há uma certeza, não é possível ocupar militarmente de uma forma permanente pelo exército russo - grande que ele seja - a Ucrânia, e fazer disso uma situação politico militar".
Os russos avançam "lentamente", mas não é dessa forma que avança a tragédia social, consequência da guerra, recorda. Nesta altura, estima-se mais de um milhão de refugiados.
"Se Putin pensava que o regime era frágil, e porventura sê-lo-ia, hoje ele está reforçado na credibilidade da luta contra o invasor", destacou.
No que toca à politica, o comentador reitera que há mudanças e diz, "todas elas muito negativas", recordando o fecho das redes sociais e meios de comunicação social na Rússia. Mas por outro lado, refere que a NATO se reforçou politicamente com esta conflito, sendo que "muito provavelmente conseguirá um reforço militar muito significativo".
Para o economista, o que se passa em torno da ONU é, para já, positivo - recordando abstenções como as de Cuba, Índia e China. Desta forma, a Rússia está cada vez mais isolada e sem "apoio". Recorda, neste sentido, que expulsar a Rússia não é possível pois "a composição do Conselho de Segurança está estabelecida pela carta das Nações Unidas". "Há alguns truques possíveis" para retirar a Rússia legalmente, mas significava "destroçar as Nações Unidas e criar uma nova Organização".
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