O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse esta terça-feira que a exposição de Portugal ao gás e petróleo russos "é muito baixa", em resposta às ameaças russas de interrupção de fornecimento de combustíveis.
Sublinhe-se que, depois da aplicação das sanções europeias, Moscovo ameaçou, pela primeira vez, na segunda-feira, retaliar com o corte do gás natural para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1.
Paralelamente, a Rússia elaborou uma lista de países "hostis", incluindo Portugal, enquanto Estado-membro da União Europeia, juntamente com Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá, entre outros, aos quais as empresas russas poderão pagar dívidas em rublos, moeda que desvalorizou 45% desde janeiro.
"Essas ameaças [da Rússia e do presidente Putin] não nos amedrontam nem nos intimidam. Nós decidimos as nossas posições em concertação, quer no quadro das Nações Unidas, quer no quadro da União Europeia e da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte - NATO], e fazemos valer essas decisões que tomamos autonomamente nas organizações a que pertencemos", disse.
“Nós fomos fazendo o nosso trabalho no sentido de tornar Portugal cada vez menos dependente de energia fóssil”, disse Augusto Santos Silva, explicando que, neste momento, “60% da energia elétrica”, por exemplo, “já decorre de fontes renováveis de energia, produzidas localmente: energia hídrica, eólica e solar”.
No que diz respeito ao gás e ao petróleo, que Portugal não produz, estes são importados de “um conjunto diversificado de países, nomeadamente das Américas, África e da Europa”. “Em resultado dessa diversificação, a nossa exposição ao gás e ao petróleo russo é muito baixa. Aliás, a companhia que importa petróleo da Rússia já declarou que vai cessar essas importações”.
Santos Silva referia-se a petrolíferas como a Shell, por exemplo, que anunciou hoje que vai deixar de comprar gás e petróleo russo e fechar os postos de abastecimento no país, num comunicado em que também se desculpou por ter adquirido matéria-prima russa após a invasão da Ucrânia. A Galp já tinha feito anúncio semelhante.
Ainda assim, frisou o governante, Portugal “faz parte de uma União Europeia que é muito dependente e dentro da União Europeia procuramos fazer valer a mesma estratégia”, ou seja, “diversificar quer as fontes quer as rotas de fornecimento de energia”, matéria que estará em cima da mesa no próximo Conselho Europeu, a realizar-se na próxima quinta e sexta-feira.
[Notícia atualizada às 13h44]
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