"O isolamento da Rússia é diplomaticamente muito acentuado"

Louçã alerta para inflação, que pode originar um dos "piores cenários possíveis" - "uma estagnação da economia".

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© Leonardo Negrão

Notícias ao Minuto
11/03/2022 23:28 ‧ 11/03/2022 por Notícias ao Minuto

Política

Rússia/Ucrânia

O fundador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, considerou, esta sexta-feira, que o “isolamento” da Rússia é “diplomaticamente muito acentuado”, considerando que o corte de algumas das relações comerciais mais importantes do país terão uma efeito devastador na sua economia.

Durante o seu habitual comentário na SIC Notícias, o bloquista recordou o resultado da votação da resolução da ONU que condena a invasão russa à Ucrânia – em que 141 países votaram a favor, 35 abstiveram-se e apenas cinco (incluindo Rússia) votaram contra – para referir que o país liderado por Vladimir Putin conseguiu apenas como aliados os países com uma grande dependência da Rússia. Para Louçã, o facto de quase nenhum país votar ao lado de Moscovo é um sinal de isolamento acentuado. 

“Tem havido sinais contraditórios e cuidadosos da China”, sublinhou, ao comentar a “abstenção decisiva” de Pequim, que tem insistindo no reforço da sua aliança estratégica com a Rússia, ao mesmo tempo que se dispôs a dar ajuda humanitária à Ucrânia.

O antigo líder do Bloco de Esquerda considera que, apesar do grande peso económico que a China tem, “não pode substituir algumas das relações comerciais mais importantes da Rússia”, como é o caso da União Europeia (UE), um grande parceiro comercial em exportações e importações. 

“O isolamento da Rússia é diplomaticamente muito acentuado, tem alguma capacidade de relação económica e de acentuar a relação económica com a China, mas a China não pode substituir algumas das relações comerciais mais importantes da Rússia”, disse. “Significa um grande recuo político (...) sobretudo um peso económico devastador para a economia russa”, considerou.

Ao falar nos efeitos das sanções da União Europeia contra Moscovo, Louçã entende que os efeitos práticos destas não serão imediatos e deu como exemplo o facto de alguns países, como é o caso da Alemanha, ainda continuarem muito dependentes da Rússia, continuando a importar gás e petróleo: “Portanto, continuam a pagar centenas de milhares de dólares por dia”, notou. 

O comentador admitiu ainda que a União Europeia será prejudicada pela invasão, tal como tem sido falado nos últimos dias, e que o aumento dos preços terá “um efeito inflacionário” na Europa.

“Todos os setores sociais vão sofrer com uma inflação, que pode disparar”, disse.

“Podemos ter o pior dos cenários possíveis, como aconteceu anos 70, há quase 50 anos, que é uma estagnação da economia com desemprego, redução da produção e inflação”, acrescentou, sublinhando que este é um cenário muito “preocupante” para a UE e para Portugal. 

Falando diretamente da invasão à Ucrânia, Louçã destacou que entrámos numa fase “decisiva” da guerra e “muito mais difícil” do que Putin teria imaginado, uma vez que entende que o presidente russo havia subestimado o povo ucraniano. Para o bloquista, esta guerra destaca-se de todas as outras, uma vez que está a ser vista, muito graças à imprensa, “a partir do olhar do povo que é agredido”.

“O olhar agora é de quem sofre o ataque e isso traz uma intensificação do ódio a Putin, do desprezo pela invasão”, sublinhou. “A desumanidade é igual em todo o lado, mas nós vemo-la , sentimo-la”, reiterou.

Leia Também: Marcelo alerta: É preciso lidar com inflação "sem criar estagnação"

 

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