Reitores dizem que ministra investigadora é "lufada de ar fresco"

O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António de Sousa Pereira, considerou hoje que a nomeação de uma investigadora para a pasta do Ensino Superior é "surpreendente", mas é "uma lufada de ar fresco".

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© Global Imagens/Reinaldo Rodrigues

Lusa
24/03/2022 13:01 ‧ 24/03/2022 por Lusa

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Em declarações à agência Lusa, António de Sousa Pereira comentou a nomeação da professora catedrática e investigadora Elvira Fortunato para a função de ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, apontando que o objetivo é "trabalhar em conjunto por um Ensino Superior que contribua para desenvolver o país".

"É uma escolha surpreendente na medida em que não é um político que é escolhido para o lugar, mas acho que é uma lufada de ar fresco. A professora Elvira Fortunato vai constituir uma equipa para assessorar o exercício das funções e nós cá estaremos para ser parte da solução e não do problema", disse o presidente do CRUP.

O também reitor da Universidade do Porto considerou que Elvira Fortunato "tem um conhecimento ímpar da situação da Ciência em Portugal", pelo que "pode ter um contributo absolutamente decisivo e diferenciador".

"[Esta escolha] pode representar uma rutura com aquilo que era o passado recente, e pode ser um ponto muito importante para que se tomem medidas que sejam também de rutura com o passado e que permitam resolver alguns dos problemas que o setor enfrente desde há muitos anos", referiu.

António de Sousa Pereira avançou que "mal esteja constituída a equipa [do Ministério] e mal o Governo tome posse", o CRUP vai convidar a nova ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior "a participar numa reunião para ouvir ideias e discutir o futuro".

Entre as prioridades estão questões relacionadas com o financiamento do Ensino Superior, um setor que "tem hoje níveis de financiamento que são cerca de 25% inferiores aos que tinha em 2009".

"Em boa verdade os níveis de financiamento anteriores à 'troika' nunca chegaram a ser repostos no Ensino Superior e sem haver essa reposição andamos todos a discutir a repartição de um bolo que não chega. É uma questão que gera sempre alguma tensão", comentou António de Sousa Pereira.

Em causa está a reposição das contribuições para a Caixa Geral de Aposentações, prestações que as instituições de Ensino Superior portuguesas passaram a suportar quando se deu a intervenção da 'troika'.

Sousa Pereira recordou que "essa contribuição acabou por nunca ser reposta", o que se traduz "em menos 25% de dinheiro real disponível para fazer investimento".

"Se queremos ser um país competitivo, se queremos ter inovação que nos aproxime da média europeia e que faça com que Portugal produza cada vez mais produtos de valor acrescentado isto implica investir não só em ciência, mas no Ensino Superior como um todo", frisou.

Outros dos pontos que são preocupação do CRUP prendem-se com "legislação que está caduca e precisa de ser revista" e com o emprego científico.

"Precisa de ser resolvido de uma vez por todas, porque há pessoas que têm as suas vidas suspensas e precisam de ter as suas situações resolvidas. Estou certo de que a professora Elvira Fortunato terá uma particular sensibilidade para isso", concluiu.

Elvira Fortunato, que sucede no cargo a Manuel Heitor, nasceu em Almada, em 1964, tem licenciatura em Física e Engenharia de Materiais, doutoramento em Engenharia de Materiais e é atualmente vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa.

Integra desde 2010 a Chancelaria das Ordens Honorificas de Portugal, a funcionar junto da Presidência da República, e é pioneira na investigação europeia sobre eletrónica transparente utilizando materiais sustentáveis e tecnologias amigas do ambiente.

Leia Também: Elvira Fortunato: nova ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

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