Fonte oficial da Câmara Municipal de Espinho alertou hoje ao fim da tarde que "a autarquia tem conhecimento da existência de tentativas de burla através de uma [falsa] campanha humanitária realizada no concelho".
A mesma entidade acrescenta que "os presumíveis burlões estarão a invocar uma ação de solidariedade para com o povo ucraniano" e a alegar, em contactos ao domicílio, que essa "terá o apoio do Município de Espinho", o que não corresponde à verdade.
O esquema foi denunciado por cidadãos que, suspeitando dessa abordagem individual em residências privadas, questionaram a Câmara e comprovaram que essa não estava a promover nenhuma campanha nesse formato.
"Estas abordagens realizadas porta a porta nos domicílios e estabelecimentos comerciais são realizadas por indivíduos que se apresentam como interlocutores e parceiros do Município, mas este não é o procedimento da Câmara de Espinho nestas situações, nem a alegada recolha é uma iniciativa da autarquia", realça a edilidade.
Apelando a que munícipes e comerciantes se mantenham de sobreaviso quanto a "toda e qualquer abordagem desta natureza" e solicitando que, caso suspeitem das motivações invocadas, os cidadãos "reportem a situação às autoridades competentes", a Câmara diz estar a reunir mais dados sobre o caso para posterior queixa às autoridades policiais.
Entretanto, as reais ações de solidariedade com que a autarquia está efetivamente a apoiar o povo ucraniano podem ser consultadas no site https://apoiaucrania.espinho.pt.
Essas iniciativas visam sobretudo a recolha de bens de primeira necessidade e a identificação de soluções domiciliárias para refugidos, desenvolvendo-se "em articulação com a Paróquia de Espinho e com a delegação local da Cruz Vermelha".
A solidariedade para com a Ucrânia deve-se ao facto de que a Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar sobre esse país, onde o conflito já matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, e provocou 1.901 feridos.
Estes são os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta, contudo, que a probabilidade é de o número real de vítimas civis ser muito mais elevado.
Desde o início da guerra, mais de 10 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, o que explica a presença de mais de quatro milhões de refugiados desse país em nações vizinhas, sobretudo na Polónia. Internamente, os bombardeamentos também levaram à deslocalização de quase 6,5 milhões de ucranianos, em busca de lugares mais seguros dentro do seu próprio país.
Face a esses fatores e à destruição já verificada nas principais cidades da nação invadida pelos russos, a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão ordenada por Moscovo tem sido condenada pela generalidade da comunidade internacional, que reagiu à guerra cedendo armamento à Ucrânia e aplicando diversas sanções económicas e políticas à Rússia.
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