Jovens sentem pouca ajuda da Igreja na "afetividade e sexualidade"
Muitos jovens sentem que a Igreja os ajuda "nas dimensões mais significativas da sua vida", mas "pouco ou nada" na vivência da sua afetividade e sexualidade, segundo os resultados de um inquérito lançado pelo portal dos jesuítas em Portugal.
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País Igreja
O inquérito 'online' foi lançado pelo portal Ponto SJ, no início de fevereiro, procurando obter respostas sobre a relação dos jovens com a Igreja.
Segundo um comunicado divulgado hoje pela Província Portuguesa da Companhia de Jesus, responderam ao inquérito 612 jovens (65% mulheres e 35% homens), 37% dos quais são de Lisboa, 7% do Porto, 5% de Braga e 4,4% de Coimbra.
"Os restantes distribuem-se por mais de 100 localidades e 16 respostas chegaram de fora de Portugal, metade do Brasil", adianta o documento.
Segundo os jesuítas, "a análise dos dados recolhidos revela que quase 36% dos inquiridos sentem que a Igreja pouco ou nada os ajuda na vivência da sua afetividade e sexualidade. Ainda que a grande maioria dos jovens sintam que a Igreja os ajuda nas dimensões mais significativas da sua vida, 13,4% consideram que não são ajudados pela Igreja a lidar com as suas grandes preocupações".
"Entre essas grandes questões destacam-se a inquietação face ao futuro, a vida familiar e os temas relacionados com a vocação e o discernimento", acrescenta o comunicado.
Nas respostas ao inquérito é patente um desejo de "uma maior capacidade de acolhimento" por parte da Igreja, ao mesmo tempo que os participantes "desejam ser mais escutados e envolvidos e querem um maior acompanhamento espiritual".
Os jesuítas sublinham que "o inquérito evidencia uma sensibilidade especial por parte de alguns jovens à necessidade de um maior acolhimento a realidades com que a Igreja tem tido dificuldade em lidar, nomeadamente as pessoas homossexuais".
Por outro lado, é patente a valorização do "sentido de comunidade que a Igreja promove", sendo reconhecida como "positiva a preocupação da Igreja no que respeita a diversas questões sociais: a solidariedade, a atenção à pobreza, à exclusão e à injustiça, bem como as chamadas de atenção no que diz respeito aos temas ambientais", sendo o exemplo do Papa Francisco apontado como "expressão de um desejo de maior abertura".
Para o diretor do Ponto SJ, padre José Maria Brito, "este exercício de escuta convida a Igreja a deixar que, partindo do Evangelho, a sua mensagem se deixe interpelar pela realidade concreta das pessoas, pelas suas questões e preocupações".
Os resultados do inquérito vão agora ser agora trabalhados e enviados para o Vaticano como contributo para o Sínodo dos Bispos, que culmina no terceiro trimestre de 2023.
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