"Há fortes indícios de que vamos ter mais revelações de atrocidades"

João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, revelou que não há "boas notícias a vir da Ucrânia", no término da reunião com os aliados da NATO.

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Beatriz Maio com LUSA
07/04/2022 14:55 ‧ 07/04/2022 por Beatriz Maio com LUSA

País

Ucrânia

Após reunir esta quinta-feira com os aliados da NATO, em Bruxelas, onde esteve presente o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros português, comentou que “a realidade no terreno, infelizmente, não é muito positiva”.

“Não temos boas notícias a vir da Ucrânia, nomeadamente sobre a postura russa e devemos estar a esse respeito preparados para mais notícias terríveis como tivemos em Bucha", revelou o ministro, acrescentando que "há fortes indícios de que vamos ter mais revelações de atrocidades, violações e crimes de guerra".

Gomes Cravinho explicou que, “para paz", a convicção dos ministros dos Negócios Estrangeiros "é que todos esses indícios devem ser conhecidos, investigados e castigados” e sublinhou o “forte sentimento de unidade entre todos quanto à necessidade de continuarmos a apoiar a Ucrânia política, militar e economicamente e com assistência humanitária”.

O ministro salientou que "a guerra provocada pela Rússia contra a Ucrânia não é apenas uma crise na Europa, uma crise para a segurança europeia, é uma crise internacional, é uma crise que afeta a segurança global, põe em causa a ordem e as regras internacionais" e comentou que "devemos estar preparados para uma guerra mais prolongada e isso significa que temos que ter outro tipo de orientação no nosso apoio à Ucrânia".

Relativamente ao pedido do envio de mais armamento e munições do ministro Kuleba, João Gomes Cravinho revelou que "Portugal irá responder", contudo, como "não temos armas pesadas que possamos fornecer" iremos apoiar "coletivamente" os países que possam.

Questionado sobre como foi acolhido este pedido, João Gomes Cravinho disse: "Toda a gente compreendeu, atendendo à convicção de que estamos agora a passar para uma nova fase da guerra. Infelizmente, não há otimismo sobre um prazo para uma eventual cessação de hostilidades. Significa que devemos estar preparados para uma guerra mais prolongada e, naturalmente, isso significa que temos de ter um outro tipo de orientação no nosso apoio à Ucrânia".

Quanto à urgência no envio de armas reclamada pelas autoridades ucranianas, que dizem precisar de mais armamento numa questão de dias e não de semanas, o ministro português disse acreditar que será possível fazer chegar rapidamente ao terreno o apoio militar suplementar.

"Acredito que sim. Isto é matéria, naturalmente, da minha colega ministra de Defesa [Helena Carreiras], que está a trabalhar nisso, mas acredito que sim. É uma questão de termos os mecanismos de transporte. Nós temos os nossos próprios, o C130. O C130 é um avião que tem uma capacidade de carga relativamente limitada e, portanto, se beneficiarmos do apoio de outros países, poderemos fazer chegar mais armas mais rapidamente", disse.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Costa apresenta quinta-feira programa no parlamento em clima de incerteza

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