Abusos na Igreja? "Sinais de ocultação" são preocupantes, diz Ana Gomes
Comentadora abordou o mais recente balanço da Comissão Independente que está a investigar os abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa.
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País Abusos sexuais
Ana Gomes considerou que é “preocupante” que existam suspeitas de encobrimento e ocultação de casos de abuso sexual de menores na Igreja Católica portuguesa, além de uma alegada falta de colaboração com a investigação por parte de alguns setores religiosos.
No seu habitual comentário na SIC Notícias, este domingo, a ex-eurodeputada começou por abordar o recente balanço feito pela Comissão Independente, que está a investigar abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal, e que nos primeiros três meses de trabalho já recebeu 290 testemunhos válidos de vítimas e que remeteu 16 casos ao Ministério Público.
Depois de considerar que esta Comissão “está a fazer o seu trabalho”, a comentadora começou por expor, citando alguns elementos do grupo de trabalho, aspetos que lhe parecem “particularmente” preocupantes.
“É muito preocupante (…) quando falamos deste tipo de abusos relativamente àqueles que seriam cuidadores. Seja um pai, seja um professor, seja um catequista, um padre. E é particularmente agravante que esse tipo de violações sinistras seja imputado a quem veríamos como cuidador”, começou por refletir.
“Muito preocupante é uma figura dessa comissão independente, que eu muito respeito, o doutor Laborinho Lúcio, que foi ministro da Justiça, ter vindo dizer que há sinais de ocultação, de encobrimento, portanto conhecimento de que havia determinadas pessoas na Igreja que tinham este tipo de práticas e que foram transferidas, exatamente para as ajudar a encobrir”, acrescentou.
A antiga eurodeputada expôs depois a sua preocupação com o facto de haver “setores da hierarquia que não estão a colaborar”, tal como apontou o psiquiatra Daniel Sampaio, que também integra a Comissão Independente.
“Houve cinco bispos que ainda não responderam e que não estão a colaborar”, notou Ana Gomes. “Espero que esta questão seja realmente assumida de uma gravidade tremenda por aqueles a quem atribuímos ‘fazer o bem’ e que, afinal, alguns deles, faziam o mal, dessa maneira” afetado toda a instituição.
Depois de elogiar “o passo corajoso” dado pela Igreja Católica portuguesa para investigar estes casos, Ana Gomes reiterou que “é muito preocupante que não haja total colaboração”.
Recorde-se que a Comissão Independente criada para investigar abusos sexuais na igreja católica em Portugal pretende recolher, até ao final do ano, testemunhos e denúncias de pessoas que tenham sofrido abusos na infância e adolescência, até aos 18 anos, e irá elaborar um relatório que será entregue à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
A comissão é composta pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, pelo psiquiatra Daniel Sampaio, pelo antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, pela socióloga Ana Nunes de Almeida, pela assistente social e terapeuta familiar Filipa Tavares e pela realizadora Catarina Vasconcelos.
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