O SEP exige "medidas do Governo e da administração [hospitalar] para que os contratos destes 15 colegas sejam renovados, no mínimo", afirmou hoje o delegado sindical Ivo Gomes, numa conferência de imprensa, nas Caldas da Rainha.
Na ocasião, o sindicalista defendeu que "o vínculo seja definitivo para todos eles" uma vez que estes enfermeiros "fazem falta, faziam falta e irão fazer falta", nos três hospitais do Centro Hospitalar do Oeste (CHO).
Em causa estão 15 enfermeiros contratados pelo CHO em dezembro de 2021, ao abrigo do Plano de Contingência para o Inverno, e cujos contratos, com duração de quatro meses, terminam no dia 30 de abril.
"Não se entende a razão destes despedimentos porque, atualmente, são necessárias, em média, 1.000 horas de trabalho extraordinário por mês só no Serviço de Urgência das Caldas da Rainha", vincou Ivo Gomes, lembrando que os enfermeiros já no final do ano passado tinham enviado à administração do CHO um conjunto de propostas para responder a este aumento da exigência de cuidados", agravada pela pandemia de covid-19 e pelo aumento dos casos de gripe.
Questionado pela agência Lusa, o conselho de administração do CHO admitiu, na quinta-feira da semana, que se mantinha a necessidade destes 15 enfermeiro e que já havia sido solicitada autorização à tutela para que os respetivos contratos pudessem ser renovados.
"Neste momento ainda não há decisão do Governo sobre estes contratos", disse o sindicalista, considerando "incompreensível" que a renovação dos contratos não tenha sido acautelada quando "já se sabia que estes profissionais eram necessários".
De acordo com o SEP, "a levada sobrecarga de utentes nos três Serviços de Urgência do CHO [Caldas da Rainha e Peniche, no distrito de Leiria, e Torres Vedras, no distrito de Lisboa] já tinha levado os enfermeiros a reivindicar medidas junto da administração, à qual denunciaram "as suas realidades".
A atribuição de 15 a 20 doentes por cada enfermeiro, doentes internados em macas por período que "tanto podem durar um dia como uma semana" e a falta de camas nos serviços de retaguarda para transferir estes doentes, foram alguns exemplos enumerados pelo SEP.
O sindicato denunciou ainda a existência de "zonas onde deveriam estar 20 doentes e habitualmente estão 30" e o desagrado dos enfermeiros pelo défice de profissionais face aos cuidados necessários, o que tem como consequência "a diminuição da qualidade" do serviço.
Um cenário que levou hoje o sindicato a exigir a contratação de mais enfermeiros e a regularização da situação profissional de todos os enfermeiros com vínculos precários, "indispensáveis para a continuidade dos cuidados".
Se o Governo não autorizar a contratação destes 15 enfermeiros, o SEP admite que "o encerramento das urgências é uma hipótese que está em cima da mesa", entre outras ações que o sindicato pretende realizar.
Segundo o SEP, o CHO conta atualmente com 662 enfermeiros e, em dezembro de 2021, o conselho de administração informou que tinha solicitado à tutela autorização para reforçar o mapa de enfermagem com mais 110 profissionais, o que ainda não se verificou.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, tendo uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.
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