Retirada em Mariupol? "Grande vitória humanitária que Guterres conseguiu"
O comentador disse ainda que os militares que estão no complexo de Azovstal podem correr agora um risco "maior do que o que estão a passar ali dentro".
© Global Imagens
País Rússia/Ucrânia
José Milhazes, como já vem sendo habitual, analisou os acontecimentos mais recentes do conflito na Ucrânia, na segunda-feira. O comentador habitual da SIC Notícias falou sobre o impacto dos encontros do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, com os presidentes russo e ucraniano, da retirada dos civis de Mariupol e também das mais recentes declarações do ministério dos Negócios Estrangeiros.
O historiador salientou que, apesar de as visitas de Guterres terem sido feitas "tarde e a más horas", o que está a acontecer em Mariupol é "uma grande vitória humanitária que conseguiu". "Se tivesse salvado uma vida já valia a pena ter ido aos dois países (...) como são centenas de pessoas que estão a caminho de ser libertadas, tem de se agradecer", considerou, tendo tecido duras críticas à ausência do responsável da ONU, ainda antes de as visitas oficiais serem anunciadas.
Milhazes alertou ainda que os militares que se encontram no complexo siderúrgico de Azovstal não terão a vida facilitada pelas tropas russas. "Bem pelo contrário. A vida deles vai correr um grande risco - talvez maior do que o que estão a passar ali dentro", afirmou, garantindo que o Kremlin não quer "a entrega de armas", mas sim "a rendição das tropas". "A Rússia pode deixar sair os civis, mas não vai deixar sair as tropas ucranianas", atentou.
"Daí os bombardeamentos", explicou, referindo-se aos bombardeamentos que aconteceram na segunda-feira à tarde junto ao complexo.
Considerou ainda que a situação em Mariupol não deverá estar resolvida até ao Dia da Vitória, assinalado a 9 de maio, porque os russos estão a fazer uma "revisão muito pormenorizada" das pessoas que estão a sair do complexo, por forma perceber se não há mulheres combatentes. Caso se resolva até à data, "até em Mariupol se poderá realizar uma parada da vitória, para frisar que 'nós [tropas russas] vencemos os ucranianos", disse.
Para o comentador o discurso do Kremlin começa já a ser "aberrante", referindo-se às declarações feitas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia em entrevista a um canal italiano, onde comparou Zelensky a Hitler falando da ascendência judaica. "Lavrov foi buscar esta tese às teorias mais aberrantes da conspiração", rematou.
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