"A guerra é nossa. Porque os nossos valores estão envolvidos na guerra"

Declarações proferidas pelo chefe de Estado no encerramento do XV Encontro COTEC Europa.

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Ema Gil Pires
04/05/2022 13:02 ‧ 04/05/2022 por Ema Gil Pires

País

Rússia/Ucrânia

O Presidente da República disse esta quarta-feira, em declarações proferidas no encerramento do XV Encontro COTEC Europa, no Theatro Circo, em Braga, que, pelo facto dos "valores" que estão envolvidos na guerra da Ucrânia serem os "nossos", a guerra é também "nossa" e não "de outros".

"Sabendo que está dentro de fronteiras que são nossas, porque as fronteiras da UE, da NATO, dos mundos a que pertencemos", esta é uma guerra que também é de Portugal, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionando se faz sentido "celebrar a cultura", mesmo em tempo de guerra, o chefe de Estado garantiu que "sim, vale a pena". "Vale a pena sempre regressar à cultura", considerou, acrescentando que tal "é como regressar a casa" ou "regressar às raízes".

O Presidente da República defendeu ainda que uma "cultura de paz", mesmo em tempos de guerra, deve fazer-se, nomeadamente, com a "liberdade", "inovação", "criatividade" e "respeito pelos outros". Isto porque cultura é sinónimo de "inclusão" e de "integração".

O encontro, que contou com a participação do Rei Filipe VI, de Espanha, e Sergio Mattarella, Presidente de Itália, é um "sinal de vida". "Apesar da pandemia converter-se em endemia, apesar da guerra injusta, ilegítima, intolerável, que devasta a Ucrânia", o evento acabaria por não ser adiado ou desmarcado, apontou Marcelo Rebelo de Sousa. "É um sinal de vida contra a morte, de paz contra a guerra, de esperança contra a desesperança, de futuro contra o medo", acrescentou.

A propósito da temática da pandemia, o chefe de Estado português lembrou que a "cultura é também o conjunto das indústrias criativas". Fazendo referência às indústrias da cultura, "que tanto sofreram com a pandemia", Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, em Portugal, as mesmas "estavam próximas de 7% do PIB" antes da pandemia, correspondendo ainda a "mais de 3% do emprego". As mesmas começaram, entretanto, a "recuperar no primeiro trimestre deste ano".

"É preciso que essa recuperação compense o mundo da cultura", disse ainda o Presidente português, que foi um "mundo gravemente atingido pela pandemia".

O chefe de Estado apontou ainda que a "língua", tal como a "cultura", têm um "valor económico", tendo este encontro entre Portugal, Itália e Espanha servido para lembrar que é "preciso medir os valores imateriais da economia, não apenas os materiais". É preciso, por isso, ter em consideração "aqueles que constroem o desenvolvimento humano integral".

Na perspetiva de Marcelo Rebelo de Sousa, também a "cultura comercial" e " das empresas" é "cultura", destacando que os três países cresceram "em relações comerciais, em empatia comercial".

O XV Encontro COTEC Europa decorreu, esta quarta-feira, no Theatro Circo, em Braga, tendo contado com a presença de centenas de empresários e dos chefes de Estado de Espanha, Itália e Portugal. O tema deste encontro era a cultura.

Leia Também: Marcelo defende cooperação entre economias para superar efeitos da guerra

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