Diplomata do Vaticano critica "violência atroz e bárbara" da guerra

O arcebispo Edgar Peña Parra, substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, criticou hoje a situação de guerra na Ucrânia, lamentando que, "no banquete da humanidade", falte "o vinho da fraternidade e da paz".

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Lusa
12/05/2022 23:35 ‧ 12/05/2022 por Lusa

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Vaticano

Na homilia da Celebração da Palavra, no primeiro dia da peregrinação aniversária ao Santuário de Fátima, o prelado reconheceu que, no mundo atual, "os egoísmos e os rancores explodem com frequência, como, neste (...) tempo, na violência atroz e bárbara da guerra, onde não há, nem vencedores, nem vencidos, mas apenas lágrimas".

Perante cerca de 200 mil peregrinos presentes no Santuário de Fátima - segundo os serviços da instituição -, o arcebispo de origem venezuelana disse que aquelas lágrimas são "como as da Mãe de Deus, que, como (...) recordou o Papa Francisco, 'são também sinal do pranto de Deus pelas vítimas da guerra que destrói não apenas a Ucrânia; (...) destrói todos os povos envolvidos na guerra. Todos! Pois a guerra não destrói só o povo derrotado, não, destrói também o vencedor; destrói inclusive aqueles que a observam, com notícias superficiais, para ver quem é o vencedor, quem é o vencido'".

"Esta noite caminhamos sob o olhar amoroso da Bem-Aventurada Virgem Maria para encontrarmos paz e nova luz nos nossos corações", afirmou Edgar Peña Parra, acrescentando: "especialmente, na intimidade desta noite, a Nossa Senhora de Fátima, além da constante oração a pedir o dom da paz na Ucrânia e no mundo inteiro (...), rogamos que acolha cada um de nós sob o seu manto e guarde as nossas vidas".

Pegando no tema do Evangelho, as bodas de Caná, a falta de vinho que o episódio relata e a intervenção da Virgem para a ultrapassagem da situação, o arcebispo alertou que, "por vezes", também a quem julga ter tudo, "falta o essencial".

"Sobre a mesa da nossa vida, com frequência, faltam motivações profundas, o significado das coisas que vivemos, a confiança para continuar em frente. (...) Falta-nos o vinho da fé, quando nas experiências da vida experimentamos o fracasso e o cansaço", advertiu o presidente da peregrinação de hoje e sexta-feira ao Santuário de Fátima.

Esta é a primeira grande peregrinação sem as restrições impostas nos últimos dois anos pela pandemia de covid-19.

Milhares de peregrinos de norte a sul do país fizeram o caminho a pé até à Cova da Iria, com as autoridades a admitirem uma afluência "próxima da habitual em anos pré-pandemia", embora no que respeita ao número de peregrinos a pé esta peregrinação ainda fique aquém dos números de 2019, conforme reconheceram à agência Lusa responsáveis pelo Movimento da Mensagem de Fátima, que coordena a Comissão de Apoio aos Peregrinos a Pé.

O programa do primeiro dia de peregrinação sofreu algumas alterações face ao que era habitual antes da pandemia, com a eucaristia a ser substituída pela celebração da Palavra e a ser suprimida a sessão de acolhimento na Capelinha das Aparições, que, tradicionalmente, ao fim da tarde, marcava o início oficial das cerimónias.

A próxima madrugada vai ser de vigília, estando marcada uma procissão eucarística no recinto de oração para as 07:00, seguindo-se o rosário, às 09:00, na Capelinha das Aparições, e eucaristia, a partir das 10:00, no altar do recinto.

A tradicional bênção eucarística, com palavra especial para os doentes e a bênção de objetos religiosos na posse dos peregrinos e de uma imagem de Nossa Senhora idêntica à Imagem Peregrina destinada à catedral de Lviv (Ucrânia), antecedem a procissão do Adeus, tradicional momento emotivo com que termina a peregrinação.

Leia Também: Milhares de gregos protestam contra a guerra e bases militares dos EUA

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