Em declarações à Lusa, June Marks explicou que tomou "há um mês" a decisão de deixar a defesa de João Rendeiro devido a razões financeiras.
"Ele não tinha fundos e o Estado deveria nomear um advogado oficioso para assistência jurídica", referiu, confirmando ter informado as autoridades sul-africanas desta situação: "Ele insistiu para eu continuar, mas não tinha fundos para pagar".
Questionada se João Rendeiro tinha justificado a sua falta de meios financeiros com o arresto dos bens devido aos processos judiciais que enfrentava em Portugal, June Marks confirmou que esse foi, efetivamente, o argumento usado pelo antigo presidente do BPP.
A informação de que a advogada sul-africana iria deixar de ser a defensora de João Rendeiro foi adiantada ao início da tarde pelo Ministério Público sul-africano (National Prosecuting Authority, NPA), que revelou que o ex-banqueiro iria hoje comparecer em tribunal devido ao fim da representação pela advogada June Marks.
"A conferência de pré-julgamento para a audiência de extradição de João Rendeiro foi marcada para 20 de maio de 2022. Durante esta semana, o Estado recebeu uma notificação do representante legal de Rendeiro, declarando que ela irá retirar os seus serviços. O Estado requisitou então que Rendeiro comparecesse hoje no Tribunal de Verulam para que as questões jurídicas pudessem ser abordadas antes da conferência de pré-julgamento da próxima semana", pode ler-se numa nota do NPA à comunicação social.
A sessão preparatória do julgamento do processo de extradição para Portugal iria ter lugar dentro de uma semana e as sessões do julgamento iriam decorrer entre 13 e 30 de junho.
O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.
João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.
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