O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, considerou que não fez nada de errado, numa altura em que um momento de tensão entre si e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, está sob os holofotes.
Numa entrevista à Fox News, que já estava marcada, Zelensky acabou por aproveitar para partilhar a sua opinião acerca do que se passou, na Sala Oval, com Trump, onde se trocaram acusações, pouco antes de ser suposto assinar um acordo para exploração dos minerais ucranianos (que acabou por ficar por assinar).
Questionado, durante uma entrevista, sobre se devia ou não um pedido de desculpas ao presidente dos Estados Unidos, Zelensky foi claro: "Respeito o presidente e respeito o povo norte-americano, e penso que temos de ser muito abertos e muito honestos. Não tenho a certeza de que tenha feito algo de errado".
"Acho que há algumas coisas que têm de ser discutidas fora dos meios de comunicação social, com todo o respeito", considerou.
A discussão, que durou pouco mais de dez minutos, fez com que Zelensky se fosse embora da Casa Branca, depois de Trump ter dito que o presidente ucraniano "não tinha as cartas do seu lado" e a acusá-lo também de "ingratidão".
"Este tipo de discussão não é boa para ambos os lados", considerou Zelensky, dando conta de que apesar de ter uma mentalidade aberta, não consegue "alterar a atitude perante a Rússia", que são "assassinos" para Kyiv.
Mostrou-se, contudo, confiante de que "naturalmente" as relações com o presidente norte-americano podem ser reparadas, "porque estas são relações que vão para além de dois presidentes, são relações históricas e fortes entre os nossos dois povos", respondeu.
"Os Estados Unidos são nossos amigos, a Europa é nossa amiga. A Rússia é nossa inimiga. O que não significa que não queiramos a paz", clarificou, recusando conversações de paz com a Rússia sem garantias de segurança contra uma nova ofensiva.
"Ninguém quer acabar com a guerra mais do que nós", sublinhou.
O acordo de minerais raros deveria ser assinado esta sexta-feira e seria um primeiro passo no caminho para a paz, com Trump como interlocutor. Note-se que o presidente norte-americano tem-se aproximado da narrativa russa - com delegações de Washington e Moscovo a reunirem-se e as administrações a trocarem 'elogios'.
Alegadamente, Trump quereria cancelar o encontro a Zelensky, mas o presidente de França, Emmanuel Macron, que esteve com Trump esta semana, tê-lo-á dissuadido a encontrar-se com o líder ucraniano.
Na Sala Oval, antes da discussão entre os dois líderes - e acusações também do vice-presidente, JD Vance -, Zelensky mostrou imagens da guerra na Ucrânia. Para além do momento de tensão que estava a acontecer entre os três políticos, na 'plateia' estava também a embaixadora ucraniana nos Estados Unidos, Oksana Markarova, cuja reação já correu o mundo também.
[Notícia atualizada às 23h59]
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