O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, salientou, esta sexta-feira, o apoio do Governo português à adesão da Suécia e da Finlândia à NATO, estando confiante de que a "ratificação" dessa proposta no Parlamento português não deverá envolver "qualquer dificuldade".
Apontando que o "Parlamento é soberano" e que a "unanimidade" não é algo "desejável" numa instituição dessa natureza, o ministro destacou que acredita que haverá "um apoio esmagador, na ordem dos 80% ou 90% a favor da adesão" destes dois países à NATO por parte do Parlamento português. "Se assim for, não haverá qualquer dificuldade na ratificação em Portugal", acrescentou, em declarações aos jornalistas.
Já no contexto dos países que constituem a Aliança Atlântica, Gomes Cravinho notou a existência de uma "forte convergência de opinião em torno da desejabilidade da entrada da Finlândia e da Suécia na NATO", apesar da Turquia ter demonstrado a sua oposição a essa possibilidade.
A esse propósito, o responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros portugueses referiu que essa é uma "matéria que a Turquia discutirá com todos os aliados", bem como os dois candidatos aqui em causa. Porém, relembra, tal adesão é um "processo que compete aos 30 Estados-membros" - sendo que, até agora, "nunca se colocaram dificuldades" quanto a tal possibilidade.
João Gomes Cravinho explicou, assim, que a sua "expetativa é de que não haja problemas de maior" em todo esse procedimento - principalmente pelo facto de existir, "coletivamente, um interesse estratégico na adesão da Finlândia e da Suécia".
"Até agora nunca houve uma manifestação de divergência significativa" por parte dos membros da Aliança Atlântica", apontou o ministro, mostrando-se "confiante" de que os "interesses estratégicos da NATO" acabem "por se sobrepor".
Falando de um processo que, como lembrou, "levará alguns meses", o ministro dos Negócios Estrangeiros destacou que, enquanto a Suécia e a Finlândia se encontrarem no processo compreendido "entre o pedido de adesão e a ratificação pelos 30 parlamentos dos Estados aliados", será preciso, "coletivamente", encontrar uma resposta para dar garantias de segurança a ambos os países. "A conclusão pode passar por alguns países, individualmente, estenderem uma garantia de segurança durante este período interino", adiantou.
Apontando que a "NATO é uma aliança defensiva", e numa "agressiva", e que os seus membros "têm garantia mútua de apoio em caso de ataque por terceiros", o ministro português lembrou que a "adesão da Finlândia e da Suécia" à NATO "resulta da agressão da Rússia contra a Ucrânia".
"A Rússia estilhaçou a ordem de segurança europeia e a configuração de uma nova ordem de segurança europeia passa, naturalmente, pela adesão da Suécia e da Finlândia" à NATO, concluiu Gomes Cravinho.
As declarações foram proferidas durante a visita do responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros a Helsínquia, onde esteve reunido com o seu homólogo finlandês, Pekka Haavisto, um dia depois dos líderes da Finlândia terem anunciado que são favoráveis à adesão do país nórdico à NATO.
Leia Também: Putin analisa potenciais ameaças da adesão da Suécia e Finlândia à NATO