"Esta greve foi convocada por causa das grandes assimetrias que se passam no serviço dos registos e notariados", explicou à Lusa o dirigente do Sindicato Nacional dos Registos (SNR), Rui Bexiga.
A paralisação marcada para hoje conta já com uma adesão de 80% a nível nacional, adiantou Vítor Pereira, do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado do Norte (STRN-Norte).
Os sindicalistas falavam à Lusa durante uma manifestação em que se juntaram cerca de uma centena de trabalhadores de vários pontos do país, junto à Alfândega do Porto, onde decorre o XXII Congresso Internacional de Direito Registal.
A greve e a manifestação foram convocadas pelo SNR, que contesta "a falta de credibilidade" e "a leviandade como os trabalhadores e os seus direitos são tratados por parte do Instituto dos Registos e Notariado e da tutela", refere um comunicado.
"Um sistema remuneratório inconstitucional por não respeitar o princípio de 'trabalho igual salário igual' (...), e "serviços em rutura com falta de recursos humanos ou logísticos" são outras queixas do sindicato.
Segundo Rui Bexiga, os trabalhadores deste setor "junto ao litoral ganham o dobro, chegam a ganhar o triplo dos do interior".
Há, também, "falta de funcionários" nestes territórios e o "IRN [Instituto dos Registos e do Notariado] não abre concurso há mais de 20 anos", apontou, acrescentando que a média de idades é de "58, 59 anos".
O STRN-Norte "associou-se à greve do SNR porque as reivindicações são transversais" afirmou Vítor Pereira.
"Há 20 anos que não entram funcionários nos registos e notariado. Neste momento, faltam mais de dois mil funcionários e, nos próximos cinco anos, cerca de um terço dos funcionários vão para a aposentação".
Com estes números, torna-se "muito difícil assegurar registos de qualidade", avisou.
O dirigente do STRN-Norte também destacou as "assimetrias salariais", referindo que "há colegas que entraram no mesmo ano, com o mesmo tempo de serviço e o mesmo índice, e chegam a receber o dobro e o triplo".
Vítor Pereira denunciou ainda o "desinvestimento na área dos registos e notariado nos últimos 20 anos", onde há "computadores com 15 ou 17 anos".
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