O ministro dos Negócios Estrangeiros disse, esta segunda-feira, que o sexto pacote de sanções contra à Rússia não esteve em discussão durante a reunião dos chefes da diplomacia da União Europeia (UE), porque "essencialmente não é um problema político, é um problema técnico".
No final da reunião, que decorreu em Bruxelas, João Gomes Cravinho defendeu que a oposição ao embargo total do petróleo da Rússia - que tem vindo a acontecer por parte da Hungria, mas também de outros países, como a República Checa, Bulgária e Eslováquia - não era uma "oposição de fundo" por partes destes países "à necessidade de sancionar a Rússia".
"Sabemos que Hungria - e outros países também - têm algumas dificuldades porque têm um grau de dependência muito elevado", lembrou.
O responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros reiterou ainda que o trabalho que está a ser desenvolvido pela Comissão Europeia vai ao encontro da identificação de mecanismos que ajudem esses países, que estão extremamente dependentes dos combustíveis russos, a terem "o acesso de que precisam". Questionado sobre quanto tempo poderá demorar até aos sexto pacote de sanções ser aprovado, Gomes Cravinho estimou que aconteça num "par de semanas".
"Estamos agora a identificar os mecanismos apropriados para que as assimetrias, o impacto assimétrico das sanções, não seja um obstáculo", sublinhou.
Gomes Cravinho mostrou-se ainda discordante do chefe da diplomacia da Lituânia, que disse, no início do encontro, que o bloco europeu iria ser lembrado por "estar refém" de um Estado-membro, referindo-se à Hungria. "Não estamos reféns", declarou Gomes Cravinho em resposta às considerações de Gabrielius Landsbergis.
Ainda quanto ao pedido do ministro dos Negócios Estrangeiros, que pediu que as embarcações da União Europeia parassem de transportar petróleo russo, o ministro português lembrou que essa foi uma medida colocada em cima da mesa pelo G7.
“Tem de haver alinhamento entre o G7 e a UE”, considerou o governante, explicando que era “muito difícil” para o bloco europeu aplicar esse tipo de sanções caso “o transporte marítimo passe desses países da UE para os outros países do G7”.
O chefe da diplomacia portuguesa foi ainda questionado acerca da eventual adesão da Suécia à NATO. O país nórdico apresentou esta segunda-feira, oficialmente, a sua candidatura à aliança, seguindo a Finlândia - que o fez, oficialmente, ontem, com uma imediata resposta de Putin.
“A decisão sobre a entrada de novos países na NATO é uma decisão que compete aos países e aos aliados, e não compete a um país terceiro”, afirmou Gomes Cravinho, confessando que, na sua opinião, a aprovação científica destes dois países irá acontecer antes de junho - mês para o qual está marcada a convenção na NATO, a decorrer nos dias 29 e 30.
O ministro voltou a reiterar o apoio de Portugal nesta entrada, sublinhando que há a necessidade de este processo ser “acelerado”. Quanto à ratificação da entrada, Gomes Cravinho lembrou que acontecerá assim que o país mais lento der ‘luz verde’. “Portugal não será o mais lento, seguramente”, garantiu.
[Notícia atualizada às 15h32]
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