Em declarações aos jornalistas à margem de um Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em Bruxelas, João Gomes Cravinho, questionado sobre o desejo da Suécia de se tornar membro da Aliança Atlântica, hoje oficialmente anunciado por Estocolmo, começou por dizer que "o Governo português tomou nota e apoia esta decisão do Governo sueco, tal como em relação à posição assumida pelo Governo finlandês".
"Eu recebi há pouco uma mensagem da minha colega sueca a comunicar essa decisão por parte do Governo sueco. Sabemos que ainda há tramitação parlamentar, na Suécia e na Finlândia, mas a posição do Governo português será de acolhimento muito positivo e de apoio para a adesão rápida da Suécia e da Finlândia", disse.
O chefe da diplomacia portuguesa sublinhou a necessidade de haver "um processo de adesão acelerado", atendendo às circunstâncias atualmente vividas na Europa, com a agressão militar russa na Ucrânia, e garantiu que não será Portugal a atrasar os procedimentos.
"A aprovação política eu acredito que será feita antes da cimeira [da NATO] de junho, em Madrid, e depois a rapidez da adesão vai depender do mais lento dos 30 países [membros] atuais em termos de ratificação, e Portugal não será o mais lento seguramente e esperamos que esteja entre os mais rápidos", disse.
Questionado sobre se Portugal estaria disposto a facilitar o diálogo entre os dois países candidatos e a Turquia, que recentemente levantou reservas à entrada da Suécia e da Finlândia por estes dois países acolherem militantes curdos que Ancara considera terroristas, Gomes Cravinho estimou que não será necessária qualquer intermediação para que os três países cheguem a um compromisso.
"Eu creio que há uma boa base de diálogo que já está em curso entre a Turquia e a Finlândia e a Suécia. Não creio que seja necessário [facilitar o diálogo]. Nós somos amigos dos três países envolvidos, mas penso que neste momento eles saberão encontrar uma plataforma de consenso", declarou.
Já quanto às críticas e ameaças da Rússia, que se opõe fortemente ao alargamento da Aliança a estes dois países, comentou simplesmente que "a decisão sobre a entrada de novos países na NATO é uma decisão que compete aos países e aos aliados da NATO, não compete a mais nenhum país terceiro".
A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, anunciou hoje que a Suécia vai candidatar-se à adesão à NATO, pondo termo a dois séculos de uma política de não-alinhamento.
"O Governo decidiu informar a NATO do desejo da Suécia de se tornar membro da aliança", disse Andersson numa conferência de imprensa em Estocolmo, após uma reunião extraordinária do executivo e de um debate parlamentar.
"Estamos a sair de uma era e a entrar numa nova", disse a líder do Partido Social-Democrata sueco, aludindo à política de não-alinhamento mantida pela Suécia desde as Guerras Napoleónicas, do século XIX.
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