Em 11 de março de 1975, o general António de Spínola - primeiro Presidente após o 25 de Abril de 1974 -- liderou um fracassado golpe de estado de direita, com um ataque ao Regimento de Artilharia Ligeira, mais conhecido por RALIS, em Lisboa, e que fez um morto, um soldado, Joaquim Carvalho Luís, de 21 anos.
A "intentona", como ficou conhecida na altura, era uma operação contra uma nunca provada "matança da Páscoa", uma alegada operação e forças de esquerda para matar 1.500 personalidades civis e militares, tidas como de direita e extrema-direita, por alegadas "brigadas comunistas".
Spínola e mais 16 militares fogem de helicóptero de Tancos para Espanha, o golpe falha e logo nessa noite dá-se uma aceleração na Revolução dos Cravos, com uma reunião de emergência da assembleia do Movimento das Forças Armadas (MFA) que cria o Conselho da Revolução e aprova a nacionalização da banca e dos seguros.
Os acontecimentos de há 50 anos vão agora ser recordados por protagonistas do 11 de Março, de ambos os lados da barricada, em encontros organizados pela comissão de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, liderada pela historiadora Maria Inácia Rezola.
"O falhanço da tentativa de golpe de estado de 11 de Março consolidou a posição do MFA no aparelho de estado e proporcionou um salto qualitativo no processo revolucionário português", afirma Inácia Rezola, em comunicado.
Começa, então, descreve, "uma nova fase da Revolução de 1974-1975, marcada pela aceleração da índole revolucionária e socializante, com medidas emblemáticas como a nacionalização da banca e dos seguros, mas também com a institucionalização do MFA, que, através do Conselho da Revolução", que passa a ter um lugar central na vida política.
Para segunda-feira, no Picadeiro Real, em Lisboa, está agendado o debate "O 11 de Março, 50 anos depois", com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A sessão começa com a exibição do documentário de Jacinto Godinho "A Gravação Secreta da Assembleia 'Selvagem'", seguindo-se um debate com o autor, a historiadora Luísa Tiago de Oliveira e alguns dos protagonistas dessa terça-feira de 1975: Nuno Santos Silva, coronel da Força Aérea; Vasco Lourenço, coronel do Exército e então porta-voz da Comissão Coordenadora do MFA, Seixas da Costa, diplomata que na altura era militar e participou na Assembleia "selvagem", o jornalista Adelino Gomes, jornalista e Luís Costa Correia, comandante da Marinha.
No dia seguinte, terça-feira, A sessão "A História e a Memória do 11 de Março de 1975" está prevista para a Universidade Lusófona, em Lisboa, Jacinto Godinho, Jorge Alves, coronel da Força Aérea, almirante Martins Guerreiro, Fernando Mão de Ferro, editor do livro "A noite que mudou a Revolução", e o coronel Vasco Lourenço.
A comissão vai ainda divulgar um dossiê histórico sobre a data - https://50anos25abril.pt/historia/11-de-marco/ - estará disponível no 'site' da comissão.
Os acontecimentos de 11 de Março de 1975 deram origem ao Verão Quente ou PREC, que só viria a terminar a 25 de Novembro, que opôs militares da extrema-esquerda e "moderados", e ditou o fim da revolução portuguesa e a normalização democrática do país.
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