Um professor foi acusado pelo Ministério Público (MP) de abuso sexual de uma aluna menor, em Alenquer. O docente é ex-militante do Chega e chegou a ser o candidato do partido para a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos nas eleições Autárquicas.
Segundo a RTP, que teve acesso a um vídeo que mostra o arguido a tocar nas partes íntimas de uma aluna durante uma aula, trata-se de Artur Alves, professor de Geografia e Tecnologias de Informação na Escola Básica da Abrigada, em Alenquer.
O crime foi cometido em abril de 2024 e o professor foi suspenso pelo Ministério da Educação durante o período de 30 dias, estando já de regresso à escola. Segundo registos do Chega, Artur Alves foi, entretanto, expulso do partido.
No despacho da acusação, citado pela RTP, o MP indicou que Artur Alves "cometeu em autoria material, sob a forma consumada e com dolo direto, um crime de abuso sexual de menores dependentes ou em situação particularmente vulnerável".
"Pelo menos a partir de janeiro de 2024, o arguido, sentindo-se atraído pela sua aluna, formulou o propósito de estabelecer com aquela uma relação de proximidade e confiança", lê-se.
Segundo o MP, o arguido começou a dar uma "atenção especial" à aluna menor, que "não manifestava de igual forma pelos restantes alunos", entre os quais "sorrisos e trocas de olhares frequentes". Além disso, o professor ficava "mais tempo sentado" ao lado da jovem durante as aulas.
No dia do abuso, "com a mão aberta contraiu a mão agarrando, apalpando e acariciando a parte interior, próxima da virilha, da coxa esquerda" da vítima, enquanto "trocou olhares com aquela".
"O arguido atuou da forma supra descrita com o propósito concretizado de, por meio do corpo da aluna, satisfazer os seus desejos libidinosos", acusou o MP, acrescentando que o ex-militante do Chega aproveitou-se da "ingenuidade, imaturidade e inexperiência" da jovem.
De acordo com a estação televisiva, Artur Alves tem ligações a Nuno Pardal e Pedro Pessanha, outros dois elementos do Chega envolvidos em casos de abusos de menores. Nuno Pardal, recorde-se, foi acusado de dois crimes de prostituição de menores, ao passo que Pedro Pessanha foi denunciado por violação de uma menor.
Em comunicado, divulgado este sábado, a vice-presidente da Distrital de Lisboa do Partido Chega, Patrícia Almeida, indicou ter tido "conhecimento dos factos", que levaram à "suspensão imediata do militante Artur Alves".
"Até termos tido conhecimento dos factos a pessoa em questão sempre demostrou uma conduta adequada e insuspeita, da mesma forma que apresentava trabalho político", lê-se na nota, que acrescenta, contudo, que a "acusação por parte do Ministério Público não significa à partida que o acusado seja culpado".
"À data dos factos, os pais da menor em questão não apresentaram queixa, por considerarem que não havia matéria, no entanto, tratando-se de um crime público, o MP (que ultimamente tem andado muito diligente) fez o seu trabalho e deu seguimento à investigação", afirmou o partido, alertando que, nos próximos meses, "vamos ouvir todas as barbaridades por forma a denegrir a imagem do partido e dos seus militantes".
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