Crise? Portugal disponível para apoiar Cabo Verde a mitigar consequências

O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse hoje que Lisboa está disponível para apoiar Cabo Verde a mitigar as consequências da crise económica provocada pela pandemia de covid-19 e pela escalada de preços provocada pela guerra na Ucrânia.

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© Thierry Monasse/Getty Images

Lusa
25/05/2022 20:41 ‧ 25/05/2022 por Lusa

País

Cabo Verde

"Nós estamos disponíveis. Eu a seguir vou ter oportunidade de falar com diversos ministros cabo-verdianos, responsáveis pelas áreas de indústria, energia, agricultura e alimentação, para ver exatamente de que forma é que nós podemos corresponder a este quadro, que é muito difícil", afirmou João Gomes Cravinho, que termina hoje, na Praia, uma visita de três dias a Cabo Verde.

"É um quadro em que o país foi profundamente afetado pela pandemia [de covid-19], 25% do PIB em Cabo Verde vem do turismo, e o turismo secou praticamente durante um ano e meio, dois anos. É um quadro em que a guerra e a invasão da Ucrânia pela Rússia têm vindo a provocar enormes perturbações nos circuitos mundiais de vários produtos e particularmente de cereais e, portanto, Cabo Verde está a ser muito afetado. Também no âmbito da energia internacional", acrescentou.

O Governo cabo-verdiano apelou no início de abril à mobilização de apoio orçamental internacional face ao "cenário desastroso" nas contas públicas provocado pela guerra na Ucrânia, estimando em 40 milhões de euros o impacto para conter a escalada de preços no arquipélago.

"É um cenário desastroso. É um cenário diria mesmo dramático, mas todos em conjunto seremos capazes de o resolver", afirmou o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, ao apresentar ao corpo diplomático acreditado no país a situação macroeconómico para 2022, após as consequências da guerra na Ucrânia, nomeadamente a necessidade de intervenção do Estado para estabilizar os preços da energia e alimentos.

Cabo Verde não tem capacidade de refinação e importa todos os combustíveis de que necessita, incluindo para a produção de eletricidade, além de 80% de todos os alimentos que consome.

Segundo João Gomes Cravinho, que ainda hoje tem audiências com o Presidente da República, José Maria Neves, e com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, Cabo Verde vai continuar a contar com o apoio de Portugal, um dos países que anualmente apoia financeiramente o Orçamento cabo-verdiano.

"Estas são áreas em que Cabo Verde vai poder seguramente contar com o apoio de sempre português, vamos agora é procurar concretizar, ver de que de forma é que podermos corresponder àquilo que são as necessidades cabo-verdianas", disse ainda.

Depois de iniciar a primeira visita como ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal ao arquipélago pelas ilhas de São Vicente e de Santo Antão, João Gomes Cravinho visitou hoje, na Praia, a Escola Portuguesa de Cabo Verde.

"É um exemplo e em vários sentidos.  É um exemplo em termos de qualidade, isto é, uma escola de elevadíssima procura porque os pais percebem que aqui há excelente qualidade e, portanto, desde logo a qualidade é algo que queremos incutir no relacionamento entre Portugal e Cabo Verde, e, portanto, nesse sentido, é paradigmático", disse, aos jornalistas.

A Escola Portuguesa de Cabo Verde foi inaugurada em 2017, na sua primeira fase, seguindo-se a segunda fase (até ao 10.º ano letivo) dois anos depois, prevendo a instituição avançar para a terceira fase do projeto no próximo ano letivo.

"É também paradigmático no sentido de se ter feito imenso em pouco tempo. Ou seja, há um grau de ambição que está expresso aqui nesta escola que nós também gostaríamos de ver em tudo o que sejam relações entre Portugal e Cabo Verde. Esta é uma escola que há meia dúzia de anos, literalmente, em 2016, começou com 22 alunos, hoje tem mais 900 e ainda não consolidou completamente todos os níveis de ensino. E, portanto, mostra que quando Portugal e Cabo Verde se juntam com um elevado grau de ambição, podem ser atingir coisas extraordinárias", acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa.

A Escola Portuguesa de Cabo Verde iniciou a atividade no ano escolar de 2016/2017 com 22 alunos e recebe 883 estudantesneste ano letivo, do pré-escolar ao 10.º ano. No próximo ano letivo vai alargar as aulas ao 11.º ano e no seguinte ao 12.º, segundo informação anterior da diretora da instituição, Suzana Maximiano.

A Escola Portuguesa de Cabo Verde é suportada pelo Orçamento do Estado português e funciona no âmbito de um acordo bilateral de cooperação com Cabo Verde, contando com 67 professores e 47 funcionários.

Nas três fases do empreendimento, a Escola Portuguesa de Cabo Verde representa um investimento de 2,3 milhões de euros.

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