Adiadas dois anos devido à pandemia de covid-19, as obras vão finalmente arrancar no Dia Internacional da Criança, com o lançamento simbólico da primeira pedra na rua Professor Lima Bastos, mesmo em frente ao Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, disse hoje à agência Lusa a diretora-geral da Associação.
A Casa Acreditar de Lisboa foi a primeira a ser construída e está em funcionamento há quase 20 anos, tendo capacidade apenas para 12 crianças e respectivas famílias.
"Nós começámos a sentir a necessidade de alargamento desta casa já há muitos anos", afirmou Margarida Cruz, uma vez que em Lisboa são tratados metade de todos os casos de cancro pediátrico do país, sublinhando que a Casa de Lisboa tem tido quase sempre listas de espera.
Desde que entrou em funcionamento em 2003, já passaram pela casa 1.695 famílias, a maioria oriunda da Madeira, Açores, Algarve e Alentejo, mas também dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que tiveram de acompanhar os filhos durante os tratamentos oncológicos.
Até há pouco tempo, quase todas as famílias dos PALOP, que ficam em média três anos, vinham maioritariamente para a Casa Lisboa, que tem menor capacidade de acolhimento. A Casa Acreditar de Coimbra tem capacidade para 20 famílias e a do Porto 16.
Com as obras de ampliação, a Casa de Lisboa vai poder acolher mais 20 famílias, além das 12 atuais, e também jovens adultos até aos 25 anos.
"Estamos a alargar a possibilidade de receber não só as crianças como também jovens até aos 25 anos", o que implicará também fazer acordos com serviços sociais de outros hospitais que não apenas o IPO.
"Enquanto a pediatria está concentrada em Lisboa, no IPO, o tratamento dos jovens dos 18 aos 25 anos está espalhado por outros hospitais e nós sabemos, até de conversas que temos tido com alguns hospitais, que esta é uma necessidade", disse Margarida Cruz.
A obra de ampliação irá ligar a atual casa ao edifício contíguo, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa. "Haver um sítio de expansão mesmo ao lado é uma situação quase única" e permitirá a ligação dos dois edifícios com "uma gestão única", comentou.
"A Câmara que já nos tinha ajudado com este terreno onde está a atual casa, voltou a colaborar com a Acreditar, reconhecendo o trabalho que fazemos e a necessidade existente", salientou.
Margarida Cruz recordou que as obras foram atrasadas devido ao aparecimento da pandemia da covid-19
"Nós sentimos que durante a pandemia tínhamos que proteger acima de tudo as crianças e as famílias que estavam na casa. Não podíamos avançar porque isso iria implicar que pessoas estranhas entrassem na casa devido às obras", declarou.
Segundo a responsável, a obra deverá estar concretizada dentro de um ano. Agora, ressalvou, acrescentando: "Todos sabemos que vivemos algumas contingências do ponto de vista de fornecimento de materiais que espero não tenham implicações nesta obra, mas não posso garantir que não tenham".
Elucidou que, antes da pandemia, o orçamento da obra não chegava aos dois milhões de euros e neste momento ronda os três milhões. "Este período de atraso que tivemos teve um este impacto nos custos da obra que é muito, muito significativo para uma associação como nós".
Para apoiar a obra, a Acreditar lançou uma campanha de angariação de fundos dirigida à sociedade civil.
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