Paula Rego, uma das mais ilustres artistas portuguesas, morreu esta quarta-feira, aos 87 anos e a sua morte não passou despercebida a nível internacional, com a imprensa estrangeira a assinalar a partida da pintora.
“Paula Rego, artista inovadora que defendeu os direitos das mulheres, morre aos 87 anos”, foi assim que a Reuters noticiou a morte da artista portuguesa que “desafiou estereótipos de género e denunciou abuso de poder em pinturas muitas vezes viscerais impregnadas de fantasias sombrias e realismo mágico”.
No artigo, no qual recorda a vida da pintora, a agência britânica cita ainda as palavras de Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, concelho onde se situa a 'Casa das Histórias Paula Rego', sobre a partida da aclamada artista.
Também o The Guardian assinalou a morte de Paula Rego, “conhecida pelo seu trabalho visceral e inquietante”. Recordando os temas políticas abordados pela artista, nomeadamente o aborto, o diário britânico lembrou uma entrevista cedida pela pintora em 2019, na qual falou sobre os seus próprios abortos e na qual disse que “tornar os abortos ilegais” forçava as mulheres a uma “solução clandestina”.
“Estou a fazer o que posso com o meu trabalho, mas homens e mulheres precisam de enfrentar isto. Afeta os homens também. Não se engravida sozinha, não é?”, questionou, na altura.
Já a Sky News deu destaque às “homenagens” prestadas à pintora “importante e irreverente”. "As suas pinturas deram o papel central às mulheres, que geralmente eram retratadas como robustas e confiantes”, descreve a estação.
Também o diário espanhol El País noticiou a morte e descreveu Paula Rego como a pintora de “sinistra inocência”. No mesmo artigo, o jornal destaca ainda a reação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a esta perda.
Recorde-se que Paula Rego, uma das mais premiadas artistas portuguesas a nível internacional, morreu na manhã desta quarta-feira em Londres, cidade onde nos anos 1960 estudou na Slade School of Art, e onde se radicou definitivamente a partir da década de 1970.
Nascida a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa, foi galardoada, entre outros, com o Prémio Turner em 1989, e o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso em 2013. Foi também distinguida com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 2004 e, em 2010, recebeu da rainha Isabel II a Ordem do Império Britânico com o grau de Oficial.
Mais recentemente, em 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Governo de Portugal.
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