António Costa defende alternativas à adesão da Ucrânia à União Europeia

Relembrando que não há “unanimidade” neste tema dentro da União Europeia, Costa refere que devem ser procuradas alternativas.

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Marta Amorim com Lusa
14/06/2022 21:42 ‧ 14/06/2022 por Marta Amorim com Lusa

País

António Costa

António Costa falou hoje aos jornalistas, em Haia, Países Baixos, após um jantar com os chefes de Estado e de Governo da NATO. 

Falando sobre o estatuto de candidato à União Europeia da Ucrânia, o primeiro-ministro frisou que "temos de ter muito cuidado" para não baixar o ânimo do povo ucraniano, mas, ao mesmo tempo, "não criar falsas expectativas e não desperdiçar energia" em discussões "legais e estatutárias".

"É preciso ter cuidado em evitar criar falsas expetativas, porque estas frustrações têm um efeito ricochete muito duro sobre a União Europeia. Hoje, o apoio à UE em muitos dos países dos Balcãs Ocidentais já é muito inferior ao que era, fruto desta frustração", salientou.

António Costa recordou que vários países daquela região "há anos que já foram admitidos como candidatos, e que, ano após ano, veem ou que não se abrem as negociações, ou que as negociações estão abertas e estão congeladas, ou que nunca mais se chega a resultados, e isso vai acumulando frustrações".

Relembrando que não há “unanimidade” neste tema dentro da União Europeia, Costa refere que devem ser procuradas alternativas, para não criar “falsas expectativas” ao povo ucraniano.

“Por que não garantimos a liberdade de circulação? Por que não levantamos essas barreiras, permitindo uma maior integração da economia ucraniana no mercado comum?”, disse.

“Nós levámos nove anos para entrar na CEE. Os ucranianos precisam de respostas daqui a nove anos ou precisam de respostas imediatas?”, questionou.

Para Costa, importa saber "como juntar o dinheiro necessário para continuar a apoiar a Ucrânia com os 9 mil milhões que nos comprometemos a dispensar - só este ano, a assegurar o apoio militar, humanitário, a proteção internacional".

Por outro lado, o primeiro-ministro advertiu que a questão pode também quebrar a forte unidade que a UE tem revelado desde o início da agressão militar da Rússia, e que considerou a sua grande força na resposta a Moscovo.

"Uma das grandes forças que tem permitido este apoio tão sólido à Ucrânia é precisamente a essência desta unidade na UE", e "quebrar esta unidade é enfraquecer a Ucrânia, é enfraquecer o apoio à Ucrânia, por melhores que sejam as intenções", afirmou, sublinhando que este é um tema que divide os 27.

"Como todos sabemos, entre os 27 Estados-membros não há uma posição unânime sobre esse tema. E é muito duvidoso que venha a haver daqui até à próxima semana", disse, referindo-se ao Conselho Europeu de 23 e 24 de junho, no qual deverá ser analisado o parecer que a Comissão Europeia deverá emitir na próxima sexta-feira à candidatura da Ucrânia à adesão ao bloco comunitário.

Segundo Costa, "muita coisa que pode ser feita sem dividir a UE, e que não seja um estatuto legal [de país candidato], cujos efeitos práticos só serão vistos muito mais tarde", e uma das possibilidades que identificou prende-se com o acordo de associação entre o bloco comunitário e a Ucrânia, que pode ser melhorado para permitir, por exemplo, a liberdade de circulação, assim como levantar as barreiras à circulação de bens ucranianos no mercado interno da UE.

"Em vez de nos dividirmos em torno de questões jurídicas e de questões legais, é melhor reforçar a nossa unidade em respostas concretas para aquilo que os ucranianos e a Ucrânia precisa hoje, e é aí que nos devemos concentrar", insistiu.

"É difícil falar da Ucrânia sem ser com uma enorme carga emocional, porque todos nós ficámos esmagados pela brutalidade, pela violência das imagens que vemos no terreno. Eu, que estive lá, nunca me esquecerei das imagens que vi em Irpin. Agora, nós temos de pensar para além das emoções. A política às vezes é assim, tem esta parte desagradável: não nos permite só pensar com o coração, é preciso também pensar com a cabeça", concluiu.

"Forte mensagem de unidade"

"Mais do que nunca precisamos de reforçar a Aliança transatlântica. De Haia enviámos uma forte mensagem de unidade: solidariedade com a Ucrânia, condenação da Rússia, apoio à adesão da Finlândia e da Suécia à NATO. A Cimeira de Madrid será certamente um marco no reforço da #NATO", escreveu António Costa no Twitter no final desta reunião. 

Recorde-se que a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, alertou hoje para o risco de o processo de adesão da Suécia e da Finlândia à NATO ficar paralisado se não houver consenso antes da cimeira de Madrid, em 29 e 30 de junho.

[Notícia atualizada às 23h43]

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