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Problemas estruturais no SNS? Foi anunciada "uma mão cheia de nada"

O comentador reforçou, este domingo, que caso a ministra da Saúde, Marta Temido, "não remodele o Serviço Nacional de Saúde, acaba ela remodelada".

Problemas estruturais no SNS? Foi anunciada "uma mão cheia de nada"
Notícias ao Minuto

23:24 - 19/06/22 por Daniela Filipe

Política Crise na Saúde

No rescaldo da crise em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) se encontra mergulhado, Luís Marques Mendes reforçou que, caso a ministra da Saúde, Marta Temido, “não remodele o SNS, acaba ela remodelada”, acusando a responsável de aparentar ter sido “apanhada desprevenida”.

Ainda que as medidas apresentadas para a resolução dos problemas a curto prazo estejam a apontar “na direção certa”, o comentador considerou que, no plano dos problemas estruturais, foi anunciada “uma mão cheia de nada”.

Qualificando o SNS como “a maior conquista social da revolução de abril”, o social-democrata reforçou ser “fã” da estrutura, razão pela qual adiantou que aquilo que viu “esta semana, quer dos problemas que foram apontados, quer das respostas que foram dadas, [foi] um bocadinho desolador”.

“A ministra da Saúde veio falar ao país sobre esta questão, [numa] tentativa de resolver aqueles problemas nas urgências de obstetrícia e ginecologia. Muito bem. Agora, fica a sensação de que a ministra foi apanhada desprevenida, mas não devia ter sido”, lançou o analista, uma vez que “ela própria veio dizer que estes problemas são antigos, que vêm de trás”.

Então pergunta-se: por que é que não foram tratados e resolvidos antes? É isto que dá uma imagem de desolação”, atirou.

Notando que Marta Temido distinguiu os problemas do SNS em duas categorias – questões a curto prazo e questões estruturais –, Marques Mendes considerou que as medidas para o primeiro plano apontam “na direção certa”, destacando a negociação das remunerações com os sindicatos e, “sobretudo”, a articulação com os setores privado e social.

“Mas por que é que ao longo dos anos não foi sempre assim?”, voltou a questionar, uma vez que, na sua ótica, “evitavam-se muitos problemas”.

“Um ministro da Saúde, qualquer que ele seja, tem de ser o ministro da Saúde no seu conjunto, não pode ser apenas um ministro do SNS. Por uma razão: tem de dar resposta aos problemas dos utentes. Se não há no SNS uma resposta eficaz, tem de se encontrar uma solução de complementaridade”, esclareceu, justificando, por isso, que a questão dos problemas sociais “é a maior desilusão”.

“O SNS tem problemas estruturais. A ministra o disse, o primeiro-ministro o reforçou. Mas há uma mão cheia de nada em tudo aquilo que foi pré-anunciado para o futuro. Não há nada de substância”, reiterou.

Para o social-democrata, foi um erro acabar com as PPP da saúde, que não só foram “boas para o Estado”, como também “foram boas para os utentes”. Ainda assim, o maior erro foi “não ter transportado aqueles bons exemplos de práticas, de gestão e de bons resultados para dentro do SNS”, atirando que “não vale a pena inventar, desde que se copie bem”.

Assim, como consequência, o comentador relatou que “os médicos, por um lado, fogem do SNS, [e] os utentes começam a recorrer cada vez mais a seguros privados de saúde, porque têm dúvidas e querem uma alternativa segura”, apontando, por isso, o crescimento de 64%, em 10 anos, destas alternativas.

“Se a ministra não remodelar o SNS, acaba ela remodelada”, repetiu, à semelhança do que fez na semana passada, atribuindo responsabilidade também ao primeiro-ministro, António Costa, por ser “quem realmente manda”.

“Todos os problemas na Saúde estão diagnosticados, só não resolve quem não souber ou não quiser”, rematou.

A falta de médicos em vários hospitais do país tem levado nos últimos dias ao encerramento de urgências de obstetrícia, ou a pedidos aos centros de orientação de doentes urgentes (CODU) de reencaminhamento de utentes para outros hospitais.

Nessa linha, a ministra da Saúde revelou, na segunda-feira, que vai ser posto em prática "um plano de contingência" entre junho e setembro, para procurar resolver a falta de médicos nas urgências hospitalares do país.

Foi também criada uma comissão de acompanhamento de resposta em urgência de ginecologia, obstetrícia e bloco de partos que, este domingo, anunciou pretender arranjar uma fórmula para que exista "maior coordenação" entre os hospitais quando a maternidade ou o bloco de partos está encerrado.

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