"Esta contenda entre António Costa e Pedro Nuno Santos já existe há muito tempo em surdina e nos bastidores.
Convém salientar que este assunto, o novo aeroporto para Lisboa, já tem barbas e é preciso mesmo um novo aeroporto. Quem precisa de usar o aeroporto da Portela sabe muito bem as dificuldades que encontra nos seus serviços e na prestação de apoio a quem viaja.
O 'enfant terrible', Pedro Nuno Santos, o único ministro que pensa e procura atuar foi mandado calar e estar quieto.
A montanha pariu um rato. Pedro Nuno Santos disse o que pensava e o que os portugueses anseiam: é preciso uma solução, já, para um novo aeroporto.
António Costa quis mandá-lo embora, mas não teve coragem e temeu as consequências no seu partido. Pedro Nuno Santos é mesmo um forte candidato a líder do PS, nada tem que ver com Mariana Vieira da Silva ou Ana Catarina Mendes, que são uma criação de António Costa e lhe devem tudo o que são.
Pedro Nuno Santos tem muitos apoios dentro do PS, foi da juventude socialista e um dos artífices da chegada de António Costa ao poder. Pedro Nuno Santos vale por si, não é uma criação de António Costa.
António Costa e Pedro Nuno Santos são siameses, estão ligados para o bem e para o mal, no PS e neste governo. Precisam um do outro. Por isso, tudo acabou na paz do senhor, mas Pedro Nuno Santos marcou pontos:
1 – Ao alertar para um novo aeroporto e os constantes adiamentos, pôs-se do lado dos portugueses.
2 – Ao não ser demitido e não se demitir, prova a sua força dentro do partido e a razão por que é temido.
3 – Pedro Nuno Santos não receia confronto e pôs à prova António Costa, que vacilou. Numa primeira fase, ia demiti-lo, mas depois recuou.
A imagem que passou para fora para os portugueses é muito má. O governo ainda há pouco tomou posse, aprovou o OE 2022 com a sua confortável maioria absoluta, mas já não se entendem.
Os portugueses já têm tantos problemas, só lhes faltava mais este.
Não tenho dúvidas que este imbróglio é uma luta pelo poder no PS, pela sucessão do PS em marcha, só que o palco não é o partido, mas o governo.
E, isso é um erro crasso que só uma maioria absoluta dá respaldo e dá para tudo.
Até um dia…"
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