"Era uma figura ímpar da cidade de Lisboa e de Portugal, tantas foram as obras que idealizou, inovou, impulsionou, batalhou e transformou", é referido no voto de pesar, apresentado pela mesa da Assembleia Municipal de Lisboa, presidida por Rosário Farmhouse (PS), e aprovado por unanimidade, com a realização de um minuto de silêncio.
Com raízes familiares em Arouca, no distrito de Aveiro, o padre António Vaz Pinto nasceu em Lisboa, em 02 de junho de 1942, e faleceu no dia 01 de julho, aos 80 anos, no Hospital de Santa Maria, também na capital, na sequência de doença prolongada.
"Neste voto de pesar, honramos o homem, o sacerdote, a figura pública, o amigo, o próximo. Reconhecemos a marca de uma vida plena, entusiasmada e enérgica", lê-se no voto, que destaca a personalidade do padre como "extrovertida, vigorosa, corajosa, perseverante e convicta".
O órgão deliberativo do município da capital do país realça que António Vaz Pinto, que foi capelão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 2014 e Alto Comissário para as Migrações e Minorias Étnicas, entre 2002 e 2005, "era um inspirador e agregador de vontades, um comunicador e contador de história, um homem entusiasmado pela vida".
"Liderava pelo exemplo e pelo serviço, pelo espírito de missão, pelo amor à Igreja. Era um inquieto, animava-o a necessidade de responder aos desafios do tempo com exigência e responsabilidade", lê-se no voto de pesar, lembrando o percurso do padre com um trabalho de "grande visibilidade".
Indicando que o sacerdote utilizava muito a palavra "formidável", a assembleia municipal defende: "Esta é a ocasião para afirmar - Que a vida formidável o padre António Vaz Pinto viveu!"
"O padre António Vaz Pinto, através da sua vida, fez o mundo avançar", considera o órgão deliberativo do município de Lisboa.
António Vaz Pinto foi responsável pela criação e implementação de várias obras da Companhia de Jesus, entre as quais se destacam os Leigos para o Desenvolvimento (1986), o Centro São Cirilo (2002), no Porto, e o Centro Universitário Padre Manuel da Nóbrega (1975-1984), em Coimbra, e mais tarde o Centro Universitário Padre António Vieira (1984-1997), em Lisboa.
Foi também reitor da Comunidade Pedro Arrupe, em Braga, onde os jesuítas fazem parte da sua formação, e ainda reitor da Basílica do Sagrado Coração, na Póvoa do Varzim. Dirigiu o Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loyola, no Porto, foi assistente nacional da Comunidade de Vida Cristã (CVX) e foi também o presidente da direção do Centro Social da Musgueira, em Lisboa.
Do percurso de António Vaz Pinto destaca-se ainda participação na criação do Banco Alimentar contra a Fome, em 1992, e o cargo de Alto Comissário para as Migrações e Minorias Étnicas, entre 2002 e 2005.
Em 30 de janeiro de 2006 foi distinguido pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Grande Oficial Ordem Infante D. Henrique.
Publicou sete livros sobre teologia, filosofia e vida cristã, e dois de memórias, onde conta a história da sua vida.
O padre António Vaz Pinto estava, atualmente, e desde 2019, na comunidade dos jesuítas em Évora, onde era capelão da Santa Casa da Misericórdia.
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