"Viragem" no "oásis" de Montenegro? A mensagem de Natal e as reações

Oposição diz que Montenegro descreveu "um país ao contrário" e acusa o primeiro-ministro de viver num "oásis". Já o PSD fala numa mensagem "de esperança no futuro próximo". Eis o que disse o primeiro-ministro e as reações dos partidos.

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Notícias ao Minuto com Lusa
26/12/2024 08:12 ‧ há 13 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Montenegro

Luís Montenegro proferiu ontem, 24 de dezembro, a sua primeira mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, num discurso em que defendeu 2024 como um ano "de viragem e de mudança" e no qual colocou como prioridades para o futuro a promoção de uma "imigração regulada" e o combate à criminalidade. Estas palavras não agradaram aos partidos da oposição, que consideraram que o discurso foge à "realidade" do país e acusaram o Governo de  "cedência retórica" à extrema-direita.

 

O que disse Montenegro?

No seu discurso, o primeiro-ministro assegurou que a "nova política de baixar os impostos e valorizar os salários e as pensões" está a ser realizada "com rigor e equilíbrio orçamental", apontando Portugal como "um referencial de estabilidade e um país de oportunidades" num "mundo em convulsão" e "numa Europa apreensiva com a estagnação da Alemanha e o défice e o endividamento da França".

Numa mensagem gravada na residência oficial, em São Bento, e transmitida pela RTP, Montenegro considerou que o Governo PSD/CDS-PP, que lidera desde 02 de abril, "trouxe novas prioridades e novas opções". 

"Não viemos para olhar ou criticar o passado. Viemos para cuidar do presente e construir o futuro", afirmou.

Nas prioridades para o futuro, incluiu a promoção de uma "imigração regulada" e o combate à criminalidade - sem ligar os dois temas -, a par do reforço dos serviços de saúde, educação, transportes e da execução do "maior investimento em habitação pública desde os anos 90".

"Vamos promover uma imigração regulada para acolher com dignidade e humanismo aqueles que escolherem viver e trabalhar no nosso país", referiu Montenegro.

Mais à frente, o primeiro-ministro prometeu o combate à "criminalidade económica, o tráfico de droga e a criminalidade violenta".

"Somos um dos países mais seguros do mundo, mas temos de salvaguardar esse ativo para não o perdermos", reiterou.

O chefe do Governo defendeu que "Portugal tem tudo para vencer e criar mais riqueza", determinante para conseguir "juntar os pais e os avós com os filhos e netos de Portugal em Portugal" e para "continuar a salvar o Estado Social, cumprindo a essência da democracia e da justiça, que é a igualdade de oportunidades".

E os partidos? 

Mensagem "contrasta com a realidade"

Seguiram-se as reações e as críticas, da Esquerda à Direita. 

A líder parlamentar do PS afirmou que a mensagem de Natal do primeiro-ministro "contrasta com a realidade", com as medidas tomadas pelo Governo que "cavalgam uma perceção de insegurança" e com a opinião do Presidente da República, que num artigo no Jornal de Notícias defendeu ser necessário "promover a igualdade e afastar as exclusões"

"Não vale a pena traçar um quadro eleitoralista de um país que não é o que os portugueses conhecem", acusou Alexandra Leitão, numa reação a partir da sede nacional do PS, no Largo do Rato, em Lisboa "Foi a mensagem do Presidente da República com a qual o PS não podia estar mais de acordo", destacou.

Pelo contrário, acusou, o Governo PSD/CDS-PP "cavalga uma perceção de insegurança que não é real e aproveita para entrar numa deriva de populismo totalitário".

Governo devia "pedir desculpas ao país"

o BE trouxe à tona a operação policial do passado dia 19 no Martim Moniz, defendendo que o Governo devia "pedir desculpas ao país" e reconhecer que foi "uma ação politicamente motivada".

"O Governo reconhece que Portugal é um país seguro, no entanto, tratar as pessoas com dignidade e humanismo não é encostá-las à parede como vimos nas operações dos últimos dias", afirmou Aliyah Bhikha, da comissão política do BE, em reação à mensagem de Montenegro. 

"Entramos em 2024 e saímos de 2024 com uma crise tanto na habitação como na saúde cada vez mais agravada. O Bloco de Esquerda tem apresentado propostas diversas e sabemos que faria um caminho diferente do que tem sido feito", acrescentou. 

"Mensagem fala de um país ao contrário daquele em que vivemos"

Por sua vez, o PCP considerou hoje que o primeiro-ministro descreveu "um país ao contrário" do verdadeiro e que "não cola com a realidade e com as dificuldades de milhões de portugueses".

"A mensagem do senhor primeiro-ministro é uma mensagem que fala de um país ao contrário daquele em que nós vivemos. É uma mensagem que não cola com a realidade e com as dificuldades de milhões de portugueses", considerou Jaime Toga, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, falando aos jornalistas no Centro de Trabalho do Porto.

O dirigente comunista considerou também que a mensagem de Luís Montenegro "não augura nada de positivo, porque se não se identificam os problemas, não se é capaz de resolver os problemas como há necessidade de se fazer".

Governo fez "cedência retórica à extrema-direita"

Em nome do Livre falou o deputado Paulo Muacho, que acusou o Governo de ter feito uma "cedência retórica à extrema-direita" e de falhar no combate aos problemas do Serviço Nacional de Saúde, uma das promessas principais da campanha eleitoral.

"Damos uma nota muito negativa e temos muitas reservas em relação ao trabalho do Governo", afirmou.

Paulo Muacho criticou também a tentativa de aproveitamento político, por parte de Luís Montenegro, em relação ao "aumento extraordinário de pensões", que "foi feito contra a vontade do Governo", que não tem maioria na Assembleia da República.

Discurso "muito afastado das necessidades do país"

À direita fez-se ouvir o presidente da Iniciativa Liberal, que acusou o primeiro-ministro de ter feito "um discurso muito afastado das necessidades do país" e apontou a Saúde, Educação e Habitação como "falhanços claros" do Governo.

"O país precisa de mudança a sério e este discurso, que é um discurso que parece contente, enfim, com aquilo que foi fazendo, é um discurso muito afastado das necessidades do país, é um discurso muito afastado da vida dos portugueses", afirmou Rui Rocha, no Porto. 

Para o liberal, Luís Montenegro falou um país que "é um oásis" mas "é um oásis em que só vive o primeiro-ministro e o Governo da Aliança Democrática, os portugueses vivem em condições que não são aquelas que constam do oásis que o primeiro-ministro quer apresentar".

 Discurso "de esperança no futuro próximo"

O PSD pronunciou-se pela voz de Carlos Coelho. O vice-presidente do partido afirmou que Portugal tem um "património de imagem de segurança" no exterior que deve ser preservado e rejeitou que o partido decida operações policiais.

Carlos Coelho elogiou o discurso de Luís Montenegro e destacou o seu discurso "de esperança no futuro próximo".

"Portugal tem relativamente a outros países um património de imagem de segurança que nós temos que preservar, temos que respeitar e temos que manter", afirmou Carlos Coelho.  "Portugal é um Estado de direito democrático. Não são os partidos e nem sequer é o governo que decide quando são necessárias operações de natureza policial, são as forças de segurança face às análises de risco e aos dados que têm", disse ainda.

Contudo, para Carlos Coelho, "os partidos da oposição fazem sempre uma crítica que toca o 8 e o 80" em relação ao governo: "ou criticam tudo ou dizem que está a seguir a sua política".

Leia Também: 1.ª mensagem de Natal de Montenegro: 2024 foi "ano de viragem"

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