Será um dos 12 casos denunciados pelo padre 'Cardoso' - nome fictício - à Comissão Independente que investiga crimes de pedofilia na Igreja Católica.
Segundo o jornal Expresso - que tem vindo a avançar novos detalhes destes crimes que têm abalado a Diocese - trata-se de um padre da Diocese de Lisboa suspeito de abuso sexual de um menor que foi chantageado pela família da vítima.
O caso remonta a 2002, altura em que a vítima denunciou os abusos do padre da paróquia que frequentava aos pais. A família não apresentou queixa nem na Igreja nem no Ministério Público.
Em vez disso, indicou o denunciante ao semanário, a família extorquiu o sacerdote mais do que uma vez. O primeiro valor pedido foram 10 mil euros, mas a chantagem continuou a fim de "encostar o padre à parede e ficar com o dinheiro”. Para conseguir o silêncio da família da vítima, o suspeito de abuso sexual cedeu à chantagem.
Terá sido o sacerdote a confessar o sucedido ao 'padre Cardoso', mas o caso não poderá ser investigado pelo Ministério Público, visto que o alegado suspeito que morreu há dois anos de causas naturais.
Refira-se que o mesmo padre que denuncia este caso de chantagem acima citado, denunciou 12 sacerdotes por abusos de menores, metade deles ainda no ativo, segundo avançou o jornal Expresso no dia 4 de agosto.
Este novo caso denunciado junta-se ao rol de escândalos que está a abalar a Igreja no último mês.
Recorde-se que o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, terá colocado o lugar à disposição. Na origem da decisão estará uma reunião com o Papa Francisco, no Vaticano, após ter sido tornado público que terá ocultado uma denúncia de abuso sexual por parte de um sacerdote do Patriarcado (num caso que remonta aos anos 90).
Numa carta aberta em que procura esclarecer o que "testemunhou" no caso do padre acusado de abuso denunciado em 1999 ao anterior patriarca, José Policarpo, Manuel Clemente diz aceitar que "este caso e outros do conhecimento público e que foram tratados no passado, não correspondem aos padrões e recomendações que hoje" todos querem "ver implementados".
Os encobrimentos não se ficam por aqui. Na edição de sexta-feira (5 de agosto) do Expresso, o semanário noticiou que o bispo da Guarda, Manuel Felício, e o bispo emérito de Setúbal, Gilberto Reis, também terão escondido queixas de abusos sexuais por padres das autoridades policiais.
Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, e Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, reagiram às últimas denúncias com um apelo para que as vítimas comuniquem os seus casos à Comissão Independente, de modo a que os mesmos sejam investigados e, quando confirmados os abusos, sejam levados à justiça os suspeitos.
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