Transladação do coração de D. Pedro renova laços entre Portugal e Brasil

O embaixador do Brasil em Lisboa afirmou hoje que a transladação temporária do coração de D. Pedro, no âmbito das comemorações do bicentenário da independência brasileira, "renova" os laços e vínculos históricos entre os dois países.

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Lusa
21/08/2022 18:04 ‧ 21/08/2022 por Lusa

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Diplomacia

"Há neste ato de agora mais do que um simbolismo. É uma demonstração concreta dos laços históricos entre os dois países que contribuem para renovar os mesmos laços para gerações futuras", afirmou Raimundo Carreiro Silva, na cerimónia de assinatura do protocolo entre a Embaixada da República Federativa do Brasil em Lisboa e o município do Porto. 

Aos presentes, o embaixador agradeceu por "generosamente" terem acolhido o pedido do governo brasileiro. 

"Não há nada mais justo e coerente que o coração visite a terra pela qual lutou enfrentando tantos obstáculos", disse, lembrando que para o povo brasileiro o "Rei Soldado" representa "liberdade, soberania e autonomia". 

Raimundo Carreiro Silva garantiu ainda que a urna, onde seguirá o coração de D. Pedro I do Brasil e D. Pedro IV de Portugal, será recebida com a "formalidade, cuidado, respeito e segurança de que é digno o coração de D. Pedro". 

"O coração será recebido em Brasília na manhã de segunda-feira como se o próprio imperador estivesse a regressar ao país", salientou o embaixador, destacando novamente que com a cedência temporária do coração do monarca ao Brasil, os vínculos entre os dois países renovam-se.

"Os vínculos entre os dois países renovam-se a partir de atos de confiança como o que acabamos de celebrar", acrescentou. 

Também o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, salientou que a trasladação do coração de D. Pedro além de homenagear o Brasil, promove "o aprofundamento e a dinamização da cooperação entre os dois países irmãos". 

"Consideramos que a trasladação do coração de D. Pedro é uma oportunidade de valorizar o papel do Porto na relação entre Portugal e o Brasil", afirmou, notando que, a presença do coração do monarca irá "dignificar as celebrações" dos 200 anos da independência. 

A Câmara do Porto e a Embaixada da República Federativa do Brasil em Lisboa assinaram hoje o protocolo que define as condições da transladação e que garante que serão tidos em conta os cuidados necessários no transporte.

O coração do monarca, cujo corpo se encontra na cidade brasileira de São Paulo, atravessa esta noite o oceano Atlântico, em ambiente pressurizado, para marcar presença nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil, antiga colónia portuguesa que o rei conduziu à independência.

A transladação, prevista para as 00:20 de segunda-feira, será acompanhada pelo presidente da Câmara do Porto, que levará pessoalmente o coração ao Brasil com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB).

O coração de D. Pedro chega na segunda-feira pelas 09:30 (13:30 de Lisboa) à base aérea de Brasília, onde será recebido com honras militares. Da base aérea, a relíquia segue para o Palácio de Itamaraty - sede do Ministério das Relações Exteriores - na capital brasileira, de onde só sairá na terça-feira, pelas 16:00 locais, para marcar presença numa cerimónia no Palácio do Planalto - sede da Presidência - às 17:00. 

Depois da cerimónia, onde estará presente o Presidente da República brasileiro, Jair Bolsonaro, o coração segue novamente para o Palácio de Itamaraty, onde será apresentado ao corpo diplomático e onde ficará em exibição "controlada" até às comemorações do bicentenário da independência, no dia 07 de setembro. 

As diferentes cerimónias serão acompanhadas pelo presidente da Câmara do Porto que, na quinta-feira de manhã, preside no Instituto Rio Branco a uma palestra, intitulada "Dois povos unidos por um coração - o significado político e simbólico de D. Pedro para Portugal e o Brasil". 

Apesar do autarca regressar a Portugal, o coração do monarca será acompanhado pelo comandante da Polícia Municipal do Porto, António Leitão da Silva. 

O coração de D. Pedro regressa à cidade do Porto no dia 09 de setembro, ficando novamente em exposição nos dias 10 e 11 de setembro, antes de voltar a ser guardado a cinco chaves. 

Leia Também: 200 anos da independência do Brasil "apagados" pelas eleições

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