"Já nem a ameaça nuclear nem outras ameaças vão parar esta guerra"
O presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal falou com o Notícias ao Minuto acerca de quais os próximos passos na Ucrânia.
© Global Imagens
País Pavlo Sadokha
Quase seis meses depois de ter começado a guerra que faz tremer a Europa - e cujas 'réplicas' chegam ao resto do globo - o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, fez um ponto de situação deste conflito.
Ao Notícias ao Minuto falou não só sobre o que se está a passar, mas também sobre o que poderá acontecer nos próximos meses - com os referendos de Zaporíjia (Zaporizhzhia) e Kherson em vista e o risco de ameaça nuclear. Apesar de não ter certezas sobre 'o que vai na cabeça' de Putin, Pavlo Sadokha assegura que só a vitória da Ucrânia pode trazer o fim da guerra.
"Os ucranianos decidiram lutar até ao fim. Já nem a ameaça nuclear, nem outras ameaças, vão parar esta guerra.
"Todos os dias falamos - com famílias, amigos, aqueles que estão numa linha diferente - que os ucranianos já não têm outra hipótese a não ser ganhar esta guerra", afirma.
Seis meses volvidos, o responsável pela associação rejeita a hipótese de que qualquer diálogo possa levar ao fim do conflito, que "já causou demasiado sofrimento aos ucranianos". "[Volodymyr] Zelensky sabe, e nós sabemos, que já não há hipótese de diálogo - na perspetiva maior de como terminar esta guerra. Os ucranianos decidiram que esta guerra só termina quando as tropas russas saírem da Crimeia, de Donbass", reitera.
Questionado sobre a possibilidade de um desastre nuclear - dada a ocupação russa na central nuclear de Zaporíjia, assim como as constantes situações em que o local tem ficado em risco dados os bombardeamentos -, o presidente da associação não tem dúvidas de que é um motivo que a população ucraniana vai ter para "não falar com a Rússia", e deixa uma garantia: "Os ucranianos decidiram lutar até ao fim. Já nem a ameaça nuclear, nem outras ameaças, vão parar esta guerra. Esta é uma guerra de sobrevivência da nação ucraniana".
"Ninguém sabe o que é que Putin vai decidir porque o seu jogo é segurar todo o mundo em tensão e ameaças"O dirigente lembra ainda que, para além de se assinalarem seis meses da invasão na próxima quarta-feira, também é a 24 de agosto que se celebra o Dia da Independência da Ucrânia.
"Nesse dia, Putin pode fazer alguma provocação na central", adverte, lembrando que já países aliados lembraram o presidente da Rússia sobre os impactos que um desastre nuclear teria - não só para a Ucrânia, como para a Europa e até a Turquia. "Infelizmente, sabemos isso da nossa história - como Chernobyl. E Zaporíjia é muito mais potente - e maior - do que Chernobyl", nota, apontando que "ninguém sabe o que vai na cabeça" do líder russo. "Ninguém sabe o que é que Putin vai decidir porque o seu jogo é segurar todo o mundo em tensão e ameaças", remata.
E, se no início desta invasão havia quem quisesse resolvê-la com recurso a diálogo e negociação, Sadokha diz que agora já não é assim. "Neste momento, parece que 100% dos ucranianos estão contra Putin, e o mais importante é que eles não têm medo", garante.
Mesmo aqueles que criticaram a maioria absoluta de Zelensky na altura da sua eleição - e que o motivaram a dar o primeiro passa numa conversa com Putin, em França, por forma a resolverem as questões territoriais - parecem estar de acordo com a vitória da Ucrânia ser a única solução para o fim do conflito.
"Mesmo agora estas pessoas do leste da Ucrânia - que sofreram mais do que a parte mais ocidental do país - já não acreditam em nenhuma palavra de Putin, não acreditam em nenhum político. Infelizmente, têm odio até aos próprios russos - porque sofrerem demasiado", explica, referindo-se às zonas de Kherson, Zaporíjia, Mariupol, entre outras.
E os eventuais referendos?
"Ninguém leva a sério os referendos. É mais uma quebra das leis internacionais", afirma, defendendo que as ações criminosas que a Rússia está a ter no país deverão ser julgados, nomeadamente, num eventual tribunal destinado a julgador os crimes de guerra russos. "Acreditamos que este tribunal internacional vai no futuro acontecer. Ninguém sabe quando", relata.
Em jeito de balanço dos últimos meses, Sadokha afirma ainda: "O mais positivo é que a Ucrânia conseguiu sobreviver a tudo isto."
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