Marcelo Rebelo de Sousa ficou a maior parte do tempo entre o Presidente e o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, enquanto os outros dois chefes de Estado presentes em Brasília, Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau, e José Maria Neves, de Cabo Verde, ficaram um pouco mais afastados, junto à mulher de Jair Bolsonaro, Michelle.
Esta foi uma cerimónia institucional com ambiente de campanha eleitoral, perante uma multidão vestida de verde e amarelo, durante a qual se ouviram gritos de apoio a Bolsonaro e palavras de ordem contra o ex-Presidente do Brasil Lula da Silva, seu adversário na eleição presidencial de 02 de outubro.
Durante algum tempo, o lugar do chefe de Estado português na tribuna foi tomado pelo empresário brasileiro Luciano Hang, apoiante de Bolsonaro, que teve acesso ao espaço do próprio desfile, onde foi saudar a multidão.
O desfile cívico-militar do feriado em que se comemora a independência do Brasil em relação a Portugal, proclamada há 200 anos, durou cerca de duas horas. Altas entidades brasileiras como os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Suprem Tribunal Federal não compareceram.
Na Esplanada dos Ministério desfilaram desde viaturas militares a tratores e outras máquinas agrícolas e carros de bombeiros. Aeronaves e helicópteros militares cruzaram o céu de Brasília.
No início da cerimónia, ouviu-se o hino nacional brasileiro e depois o hino da independência do Brasil, cuja autoria é atribuída a D. Pedro, em que se canta "ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil", e o tema "Minha pátria para Cristo".
Terminado o desfile, Bolsonaro deslocou-se até um carro de som noutro ponto da Esplanada dos Ministérios de onde fez um discurso de campanha em que alegou ter combatido a corrupção e ter colocado o Brasil com uma "economia pujante".
Declarando que foi Deus quem lhe deu a visão para comandar o país nos últimos quatro anos, Bolsonaro defendeu que está em causa nesta eleição "uma luta do bem contra o mal".
Marcelo Rebelo de Sousa chegou na terça-feira à capital brasileira para participar nas comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, a convite de Bolsonaro, com quem teve um encontro bilateral de cerca de 20 minutos no Palácio Itamaraty.
Hoje o Presidente português irá oferecer um jantar aos representantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) presentes na capital brasileira, terá um encontro com a comunidade portuguesa e um jantar oferecido pelo presidente do Senado Federal brasileiro, Rodrigo Pacheco.
O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, segunda figura do Estado português, que foi convidado pelo presidente do Senado para as comemorações do bicentenário da independência do Brasil, também deverá estar nesse jantar.
Na terça-feira, após o encontro com Bolsonaro no Itamaraty, o Presidente português visitou juntamente com Sissoco Embaló o espaço onde está exposto o coração de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, conservado em formol e guardado numa cápsula de vidro, que foi trazido do Porto especialmente para esta ocasião.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "seria incompreensível que Portugal não estivesse representado ao mais alto nível" nas comemorações dos 200 anos do Brasil e rejeitou a possibilidade de ficar associado à campanha eleitoral brasileira, sustentando que "são duas coisas completamente separadas".
Na quinta-feira, haverá uma sessão solene no Congresso Nacional, em que Marcelo Rebelo de Sousa irá discursar, e na qual também estará Augusto Santos Silva.
O programa do Presidente português no Brasil termina com uma receção à comunidade portuguesa no Navio Escola Sagres, no Rio de Janeiro, na sexta-feira.
[Notícia atualizada às 16h49]
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